Multimilionário russo comprou medalha Nobel para a devolver a James Watson

Alisher Usmanov, o homem mais rico da Rússia, quer que o dinheiro que pagou pela medalha Nobel ganha pelo co-descobridor da estrutura do ADN seja doado à investigação científica.

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James Watson (à esquerda) e Francis Crick em 1953 DR

O comprador da medalha de ouro do Nobel de Medicina atribuído em 1962 ao cientista norte-americano James Watson revelou esta terça-feira a sua identidade. Trata-se do empresário russo Alisher Usmanov, o homem mais rico da Rússia (com uma fortuna avaliada em mais de 12 mil milhões de euros, segundo a revista Forbes) e um dos principais accionistas do clube de futebol britânico Arsenal.

Entretanto, Usmanov já disse que tenciona devolver o galardão ao seu dono e que o dinheiro da venda deve ser doado à ciência.

“Na minha opinião, é inaceitável a situação em que um cientista excepcional precisa de vender uma medalha que reconhece as suas realizações”, disse Usmanov num comunicado citado pelo diário britânico The Guardian. “James Watson é um dos maiores biólogos da história da humanidade e o seu prémio pela descoberta da estrutura do ADN deve pertencer-lhe.”

Recorde-se que a medalha de ouro atribuída em 1962 pelo Comité Nobel ao cientista norte-americano James Watson, co-descobridor juntamente com os britânicos Francis Crick e Maurice Wilkins da estrutura em dupla hélice do ADN, foi vendida em leilão na passada quinta-feira, pela Christie’s em Nova Iorque, por quase 3,9 milhões de euros. A medalha foi a primeira a ser vendida por um laureado ainda em vida.

Watson, com 86 anos, admitiu ao jornal Financial Times que vendia a medalha porque precisava de dinheiro. Também declarou que pretendia doar parte da verba da venda para caridade e investigação científica.

Segundo fazia notar o The New York Times, o cientista estará agora também a tentar redimir-se de uma das grandes polémicas da sua vida. Em 2007, Watson foi duramente criticado por ter dado a entender, em declarações ao semanário britânico The Sunday Times, que os negros são menos inteligentes do que os brancos. Estes comentários obrigaram-no a demitir-se das suas funções de presidente do laboratório de Cold Spring Harbor, em Long Island, perto de Nova Iorque.

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