António Costa diz que o PS é a resposta a esta "geração perdida"

Líder socialista encerrou o Congresso da JS em Setúbal reafirmando as críticas ao quociente familiar e ao "radicalismo ideológico" da direita.

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Daniel Rocha

"É, de facto, uma geração perdida" entre os 38% de desemprego jovem, a imigração e a "desacreditação", afirmou o secretário-geral socialista, no discurso de  encerramento do Congresso da JS. "É este governo que está a perder esta geração", acusou, ilustrando com os 250 mil jovens em risco de pobreza.

Em contraponto, afirmou: "Esta alternativa que estamos a contruir é a resposta a esta geração". Num claro sinal de chamamento dos 'jotas' aos "combates pela liberdade e pela igualdade que serão sempre bandeiras do PS", António Costa trouxe a jogo o reeleito líder juvenil: "Temos como missão construir uma alternativa de governo e o primeiro contributo é esta moção de João Torres que este congresso vai aprovar".

Antes, tinha feito o diagnóstico: "A direita tem sempre uma nova forma de tentar limitar direitos e liberdades", e "as desigualdades nunca foram tão grandes". As alterações ao IRS serviram-lhe de exemplo. "O debate em torno do quociente familiar diz-nos tudo sobre a política de distribuição de rendimentos do Governo: faz com que os que ganham mais paguem menos e quem ganha menos pague mais", acusou.

"A direita foi ainda mais longe: acha que o Código do IRS deve ser um guia de orientação moral: uma criança que viva com os pais pode descontar o dobro" do que as de outras situações, sejam pais divorciados, viúvos ou "casais do mesmo sexo que ainda não podem adoptar", criticou.

Costa admitiu que o último Governo do PS pode ter cometido muitos erros, mas teve "uma visão acertada para a qualificação e modernização do país". "Foi graças a essa ambição que entre 2005 e 2011, a população, entre os 30 e os 34 anos, com formação superior, subiu de 17 para 26%. Esse foi um esforço que foi feito e que estava a ser alcançado. Tínhamos agora de prosseguir e dar continuidade a esse esforço e subir dos 26 para os 40% a que estamos obrigados em 2020", disse.

Soares 'jota' de honra
Antes, o ex-presidente da República Mário Soares enaltecera a atitude dos jovens socialistas na luta pela democracia e pela liberdade durante o Congresso, em que foi distinguido como membro de honra daquela organização de juventude.

"Quando chego a uma sala destas, cheia de gente jovem, numa situação em que o país está de cócoras, em que tudo foi destruído, em que não há nada (...) e em que tanta gente, por medo ou por qualquer outra razão, não é capaz de lutar, estar aqui e ver-vos a vocês todos aqui aos berros pela liberdade e pela democracia, para mim é o melhor que me poderiam ter feito", disse.

Na intervenção que fez perante 800 jovens congressistas, Soares, que completa domingo 90 anos, recordou um passado de luta pela liberdade e pela democracia ao longo da vida.

Numa intervenção que foi também um incentivo aos jovens socialistas, para que continuem a lutar pelos valores da liberdade e democracia, Mário Soares lembrou que esteve preso muitas vezes e disse ter conhecido todas as prisões portuguesas da época.

O líder histórico do PS recordou ainda alguns períodos do seu percurso de vida, em que lidou com grande líderes munidas, como François Mitterrand, Willy Brandt e Olof Palme, e em que desempenhou funções governativas e na Presidência da República, mas garantiu que sempre se sentiu como um cidadão normal.

"Vejo-me como um cidadão normal, que faz aquilo que deve fazer, em função da liberdade, em função da democracia", disse Soares, que se congratulou por ver tantos jovens a fazer o mesmo que ele fez ao longo da vida.

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