Grupo de manifestantes pró-democracia tentou entrar no parlamento de Hong Kong

Tentativa provocou escaramuças entre a polícia e algumas dezenas de jovens. Federação de estudantes pede respeito pelo princípio de não-violência.

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Pelo menos quatro manifestantes foram detidos após os confrontos com a polícia Tyrone Siu/Reuters

Um pequeno grupo de manifestantes tentou entrar durante a madrugada no edifício da Assembleia Legislativa de Hong Kong, envolvendo-se em confrontos com a polícia. As escaramuças aconteceram horas depois de ter sido desmantelada uma parte de um dos acampamentos que restam dos protestos pró-democracia que no início do mês passado paralisaram o centro da cidade.

Algumas dezenas de jovens, vários com máscaras ou capacetes na cabeça, tentaram partir as portas de vidro do edifício, usando barras de ferro e barricadas de metal. A BBC adianta que alguns terão conseguido entrar, mas foram rapidamente retirados pela polícia.

Jornalistas no local contam que a polícia usou gás pimenta para dispersar os jovens que se encontravam na zona e pelo menos quatro pessoas foram detidas. Três agentes terão sofrido ferimentos ligeiros durante as escaramuças. Ao início da manhã, a situação estava calma, mas o governo local anunciou que a sessão parlamentar prevista para esta quarta-feira foi anulada e as visitas ao edifício foram canceladas.

Um dos líderes da Federação de Estudantes que encabeçou os protestos contra a decisão do Governo chinês de escolher três candidatos às eleições locais de 2017 lamentou os incidentes e apelou aos jovens a “manterem-se fiéis aos princípios de não-violência” definidos pela organização. Já a polícia prometeu agir contra “todo o tipo de actos que perturbem a ordem pública”.

Mas muitos não escondem a impaciência com a falta de resultados de um protesto que, depois das grandes manifestações iniciadas a 28 de Setembro, continua a perder fôlego. Terça-feira, cumprindo uma ordem judicial, funcionários da autarquia e a polícia desmontaram as barricadas erguidas frente à Citic Tower, um arranha-céus de escritórios situado no meio daquele que é o principal dos três acampamentos que resistem.

O despejo decorreu sem incidentes e os jovens colaboraram com as autoridades. Os tribunais deram também luz verde à desocupação das estradas junto ao acampamento no distrito comercial de Mong Kok e o jornal South China Morning Post adianta que a ordem deverá ser cumprida na quinta-feira.

“O governo não nos está a ouvir. Continuamos a ter reuniões todos os dias, mas sem sentido e agora, por causa das ordens judiciais, as barricadas estão a ser desmanteladas. Se uma revolução falha por causa de ordens judiciais então não é uma revolução”, disse à BBC um manifestante que não se quis identificar.

Quando a antiga colónia britânica foi reintegrada na China, Pequim comprometeu-se a realizar eleições por sufrágio universal na região em 2017. Porém, em Agosto, anunciou que iria designar previamente três candidatos à chefia do governo local. As manifestações e a campanha de desobediência civil levaram dezenas de milhares de pessoas às ruas, paralisando a cidade, para desagrado de empresários e muitos residentes. O diálogo prometido pelas autoridades ajudou à desmobilização, sem que os estudantes tenham conseguido atingir os seus objectivos.

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