Ferro avisa que no PS não há nomes proibidos: “Isto não é o Partido Comunista da URSS”

Líder da bancada socialista justifica por que elogiou José Sócrates no seu discurso de encerramento do debate do Orçamento do Estado para 2015.

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O presidente da bancada socialista, Ferro Rodrigues, defendeu esta sexta-feira que no PS não há nomes proibidos e não é o Partido Comunista da extinta União Soviética, contrapondo que é "verdade histórica" a resistência de Sócrates ao resgate.

Eduardo Ferro Rodrigues falava aos jornalistas após a proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2015 ter sido aprovada na generalidade com os votos favoráveis da maioria PSD/CDS, contra da oposição e a abstenção do deputado do CDS/Madeira Rui Barreto.

Questionado sobre os motivos que o levaram a incluir elogios ao ex-primeiro-ministro José Sócrates no seu discurso de encerramento do debate do orçamento, o líder da bancada socialista respondeu: "O PS tem um presente, um futuro e um passado, do qual me orgulho de ter feito parte como secretário- geral."

"Referi José Sócrates a propósito de ele ter resistido até ao fim à questão da necessidade de uma intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do conjunto da troika em Portugal. Isso é uma verdade histórica provada", advogou o líder da bancada socialista. Mas o presidente do grupo parlamentar do PS foi ainda mais longe em defesa do contexto em que citou Sócrates e salientou que repetirá a menção ao ex-primeiro-ministro sempre que considerar justificável.

"Não há nomes proibidos no PS; era só o que faltava. Não há nomes que tenham sido eliminados no PS. Isto não é propriamente o Partido Comunista [da extinta] União Soviética, em que se eliminavam as fotografias das pessoas que caíam em determinadas posições como [Leon] Trotsky", reagiu o ex-secretário-geral socialista.

Confrontado com as críticas feitas pelo vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, sobre questões por esclarecer entre os socialistas, designadamente sobre a "assombração" de José Sócrates, Ferro Rodrigues usou o humor. "O dr. Paulo Portas tem sempre alguma graça. Mas hoje, por acaso, até me pareceu que não estava nos seus melhores dias, talvez por causa do jet lag", comentou, numa alusão à recente visita oficial que o vice-primeiro-ministro e o titular da pasta da Economia, Pires de Lima, fizeram ao México.

De acordo com Ferro Rodrigues, "o futuro demonstrará que o programa que o PS vai apresentar não tem que ver com o passado, porque não se podem repetir situações em momentos que são completamente diferentes". “António Costa [candidato socialista a primeiro-ministro] vai apresentar o manifesto para secretário-geral do PS no dia 6 de Novembro e desenvolver-se-á ao longo de várias semanas todo o processo de construção do programa. Isso é uma coisa que o PS fará quando entender e não quando o PSD e CDS pressionam", advertiu.

Ferro Rodrigues considerou depois que ao longo dos dois dias de debate orçamental na generalidade "ficou amplamente justificado o voto contra do PS".

"Para a semana, haverá o trabalho com as comissões para preparar propostas para a especialidade, que será um segundo momento antes da votação final global do Orçamento. Também não é por vontade da maioria PSD/CDS que apresentaremos as propostas. Apresentaremos as propostas quando entendermos que devemos apresentar", insistiu Ferro Rodrigues.

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