Comité de emergência para o ébola da OMS reunido para examinar epidemia

Restrições a viagens e comércio em discussão. Estados Unidos apertam controlos.

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Em cinco aeroportos dos EUA os passageiros são submetidos a controlo da temperatura corporal Reuters

O comité de emergência para o ébola da Organização Mundial da Saúde (OMS) está a examinar nesta quarta-feira, em Genebra (Suíça), a situação actual da epidemia, bem como as medidas de controlo da infecção que actualmente estão a ser aplicadas nas fronteiras e se deverá avançar-se para novas medidas de restrição às viagens.

“É a terceira vez desde Agosto que este comité se reúne para avaliar a situação”, disse à agência de notícias Reuters Fadela Chaib, porta-voz da OMS. “Muito aconteceu desde então: houve casos em Espanha e nos Estados Unidos, enquanto o Senegal e a Nigéria saíram da lista dos países afectados pelo ébola”, acrescentou.

Desde o início desta epidemia na África Ocidental em Dezembro de 2013, já foram infectadas 9216 pessoas e morreram 4555, segundo a OMS.

Os 20 peritos que compõem o comité de emergência do ébola, que a 8 de Agosto declararam que o surto de ébola na África Ocidental era uma emergência internacional de saúde pública, podem recomendar restrições a viagens e ao comércio. O comité já tinha recomendado que os passageiros oriundos da Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa, os três países ainda a braços com a pior crise de sempre do ébola, fossem submetidos a monitorização.

E os Estados Unidos já estavam também a aplicar medidas em cinco grandes aeroportos, que passavam pela medição da temperatura corporal dos passageiros, à procura de sinais da infecção por ébola, e a resposta a um questionário detalhado sobre as suas actividades na África Ocidental. A partir desta quarta-feira, vão reforçar os controlos.

Agora, os passageiros vindos da Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa apenas entrarão nos Estados Unidos através desses cinco aeroportos. São eles: John F. Kennedy (em Nova Iorque), Newark Liberty (New Jersey), Dulles (na cidade de Washington), O'Hare (Chicago) e Hartsfield-Jackson (Atlanta).

Os cinco aeroportos já recebem cerca de 94% dos passageiros oriundos destes três países e não existem voos directos entre eles e os Estados Unidos, disse o secretário da Segurança Interna dos EUA, Jeh Johnson, citado pela Reuters. “Neste momento, temos em vigor medidas para identificar e monitorizar toda a gente que chegue aos Estados Unidos por terra, mar e ar e que pensamos que tenha estado na Libéria, Serra Leoa e Guiné-Conacri nos últimos 21 dias”, referiu ainda Jeh Johnson.

Ainda esta quarta-feira, os Centros para o Controlo e Prevenção das Doenças (CDC) dos EUA anunciaram novas medidas para quem chegue dos três países: a partir da próxima segunda-feira, noticia a agência Reuters, a saúde desses viajantes será controlada por pessoal médicos todos os dias, que terão de reportar a sua temperatura corporal e outros sintomas associados ao ébola, durante 21 dias, o período máximo de incubação do vírus.

A ideia de proibir os voos dos três países, como já defenderam alguns nos EUA, desagrada a Elhadj As Sy, secretário-geral da Cruz Vermelha, segundo a Reuters. Além de consequências económicas graves, isso viraria ainda mais do avesso os serviços de saúde já debilitados desses países e perturbaria a ajuda humanitária. “O ébola cria muito medo e pânico que às vezes leva a comportamentos e medidas irracionais, como fechar as fronteiras e cancelar voos, isolando os países”, alertou. “Isso não são soluções. A única solução é juntar esforços para conter este tipo de vírus e epidemias no seu epicentro.”

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