Concorrência dá até 29 de Outubro para quem se quiser pronunciar sobre compra da ES Saúde

Resultados da OPA dos chineses que controlam a Fidelidade são conhecidos na tarde desta quarta-feira.

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O relatório dá nota negativa ao atendimento nas urgências, com 26% dos atendimentos em 2013 a excederem os tempos máximos recomendados Foto: Daniel Rocha

Quem se opuser ao negócio ou quiser pronunciar-se sobre a compra da Espírito Santo Saúde (ES Saúde) por parte da Fidelidade tem dez dias úteis para o fazer junto da Autoridade da Concorrência (AdC), até 29 de Outubro.

O regulador publicou nesta quarta-feira um aviso em vários jornais a dar conta de que foi notificada pela Fidelidade sobre a concentração de empresas que decorre da Oferta Pública de Aquisição (OPA) lançada pela seguradora sobre a empresa de saúde liderada por Isabel Vaz. “Quaisquer observações de terceiros interessados sobre a operação de concentração em causa” devem ser remetidas à AdC no prazo de dez dias úteis a partir desta quarta-feira.

O prazo da oferta dos chineses da Fosun (donos de 84,98% da Fidelidade) terminou na terça-feira, sendo hoje revelados os resultados da OPA. Esta tarde ficar-se-á a saber qual a posição com que a seguradora fica na ES Saúde. Garantido tem já a participação de 51% detida pela Espírito Santo Health Care Investments (por sua vez controlada pela Rioforte em 55% do capital, pelo Novo Banco em 27,26% e pela Espírito Santo Financial Group em 17,74%).

Falta saber quem, dos 49% dispersos em bolsa, aceitou ou não a oferta lançada pelos chineses, que pagam 5,01 euros por cada acção da ES Saúde. No limite, se a Fidelidade ficar com 100% do capital da dona de unidades como o Hospital da Arrábida, Luz ou Loures (em regime de PPP) terá de desembolsar 478,6 milhões de euros.

A ES Saúde foi alvo de várias ofertas de compra nos últimos meses, dentro e fora de bolsa, mas na corrida acabou por ficar apenas a Fidelidade. O controlo da empresa começou com a OPA dos mexicanos do grupo Ángeles, que a 19 de Agosto ofereceram 4,3 euros por acção. A partir daí, o preço foi subindo. A José de Mello Saúde lança a 11 de Setembro uma oferta preliminar concorrente, propondo-se pagar mais dez cêntimos do que os mexicanos, o que levaria o grupo Ángeles a rever a oferta dias depois para os 4,5 euros.

A Fidelidade aparece na corrida a 23 de Setembro, oferecendo 4,72 euros por título. E três dias depois aumenta a parada, subindo o seu próprio preço para os 4,82 euros, quando efectua o registo oficial da oferta. A José de Mello Saúde já tinha desistido da OPA e como os mexicanos não voltaram a rever o preço e mais nenhuma empresa apareceu na corrida, os chineses acabariam por ficar isolados na OPA.

Se na oferta em mercado a proposta dos chineses seguia sem mais concorrentes, a luta pelo controlo accionista iria continuar fora de bolsa, com os norte-americanos da UnitedHealth Group a fazerem uma investida directa à Espírito Santo Health Care Investments (ESHCI) para ficarem com os 51% que esta detinha na ES Saúde.

A oferta paralela, de cinco euros por acção, superava o preço que a Fidelidade estava então a oferecer na OPA aos accionistas da ES Saúde e apareceu numa altura em que, legalmente, já não podiam surgir mais concorrentes na oferta pública.

A Fidelidade contestou a investida dos norte-americanos e a CMVM acabou por travar o negócio particular proposto pela UnitedHealth, considerando que a proposta veio perturbar a OPA e condicionar os accionistas.

O prazo da OPA da Fidelidade foi alargado e os chineses voltaram a subir o preço, superando em um cêntimo por acção o que os norte-americanos estavam a propor (para 5,01 euros).

Com a compra da ES Saúde, a Fidelidade fica com as 18 unidades e quer passar a ter uma oferta integral em seguros de saúde, hospitais, clínicas, medicina ocupacional e preventiva. A gestão da ES Saúde já afirmou que vê algumas vantagens na junção de forças com os chineses, como a aposta na medicina tradicional e na “medicina preventiva ou ocupacional”.

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