As compras do futuro serão o paraíso para uns e o inferno para outros

Especialistas antevêem cada vez mais interacção e personalização.

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No futuro, a forma como vamos comunicar com o supermercado será diferente Enric Vives-Rubio

Num futuro muito próximo, uma ida ao supermercado será uma verdadeira odisseia. Hoje pode parecer que quase tudo se resume a encontrar rapidamente o produto que se deseja no meio de corredores iluminados. Paramos de vez em quando para espreitar as novidades ou as promoções. Tiramos a senha no talho e aguardamos vez. Mas num futuro muito próximo as lojas serão outras. Mais parecidas com o comércio de proximidade, com produtos vendidos a peso e dispostos em cestas ou atraentes bancas (o que já está a acontecer), mas sobretudo, com um sem número de novas opções de compra (que também já começam a surgir). Daniel Cortsen, professor na IE Business School, veio esta semana ao Porto para participar na conferência The everywhere store e dá alguns exemplos.

“Haverá produtos nas prateleiras que escolhemos e colocamos no carrinho, haverá produtos que vamos scanear e optar pela entrega em casa. Haverá áreas de recolha para os artigos que encomendámos online ou outros que subscrevemos porque são de necessidade diária [como o pão]. Os hipermercados terão de encontrar formas de usar o espaço livre para outras actividades. E novos retalhistas vão surgir baseados na rotina de entrega de compras”, antecipa.

A forma como vamos comunicar com o supermercado será diferente. Podemos, por exemplo, estar no corredor dos detergentes a ler o código de barras com a ajuda do smartphone e, de repente, receber uma mensagem de uma cadeia concorrente a dizer que tem o mesmo artigo a um preço mais baixo… Podemos ainda andar tranquilos na zona dos frescos e receber uma mensagem com a sugestão de um produto ou uma promoção. “Será o paraíso para uns e o inferno para outros. Mas vamos habituar-nos à nova tecnologia e a tecnologia vai adaptar-se a nós”, diz o especialista.

Por seu lado, David Bell, professor na Wharton School da Universidade da Pensilvânia, acredita que os supermercados e lojas em geral vão estar “em todo o lado”, ou seja, tanto no espaço físico, como no telefone ou em aparelhos ligados à Internet. “O meu telefone vai guardar todas as minhas preferências, os retalhistas vão interagir comigo e vão enviar-me ofertas e outra informação relevante (como o valor nutricional dos alimentos ou receitas, por exemplo). Haverá entregas especializadas e aplicações que melhoram todo o processo de compra”, antevê. A personalização é a palavra de ordem. À medida que a tecnologia permite uma cada vez maior recolha de dados, os retalhistas conseguem construir perfis fidedignos dos seus clientes e antecipar, assim, as suas necessidades.

Para o consultor José António Rousseau as maiores inovações dos supermercados serão também na experiência gastronómica, numa espécie de “miscigenação entre o retalho alimentar e o retalho horeca [restauração]”, com “ofertas mistas e complexas”.  

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