Produção industrial na Alemanha surpreende e regista maior queda dos últimos cinco anos

Aumentam os receios de que a maior economia da zona euro possa também entrar em recessão.

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Angela Merkel corre o risco de ver a Alemanha entrar em recessão MICHAEL KAPPELER/AFP

A produção industrial na Alemanha caiu em Agosto de uma forma muito mais acentuada do que aquilo que era esperado pela generalidade dos economistas, aumentando os receios de que a economia possa ter caído numa recessão técnica durante o terceiro trimestre deste ano.

Os dados foram publicados nesta terça-feira pela autoridade estatística alemã e surpreenderam os mercados. Em comparação com o mesmo mês do ano passado, a produção industrial registou uma quebra de 2,8%. Antes do anúncio, os analistas antecipavam em média uma variação negativa de 0,5%.

Em comparação com Julho, a queda foi de 4%, bastante mais acentuada do que os 1,5% esperados pelos economistas. Além disso, também a variação mensal registada em Julho foi revista em baixa de 1,9% para 1,6%.

"A queda é demasiado forte para ser explicada por factores extraordinários", afirma uma nota publicada na manhã desta terça-feira pelo banco ING, que defende ainda que os números mostram "uma incerteza cada vez maior e o abrandamento real da economia europeia, da Europa de Leste e dos mercados emergentes estão actualmente a pesar na evolução da economia alemã".

A Alemanha já tinha registado, durante o segundo trimestre deste ano, uma variação negativa do PIB de 0,2%. Com os dados agora publicados para a produção industrial, deterioram-se as expectativas para o desempenho da economia durante o segundo trimestre. A possibilidade de uma nova variação negativa do PIB nesse período, que colocaria a maior economia da zona euro numa situação de recessão técnica, parece ser agora mais forte.

A economia alemã, em comparação com o desempenho das outras grandes economias da zona euro, tem apresentado um desempenho mais forte nos últimos anos, impedindo até agora a entrada da região numa situação de recessão mais grave e mitigando também os riscos de deflação. No entanto, tanto ao nível do PIB como da inflação, a Alemanha está a dar agora mais sinais de fraqueza, algo que está a fazer soar os alarmes no Banco Central Europeu. Mario Draghi, embora com o voto contra do representante do Bundesbank, prepara-se para dar início a um programa de compra de dívida privada titularizada que estimule a concessão de crédito na economia da zona euro e impeça a entrada em deflação.

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