Investidores retiraram em Julho 748 milhões da ESAF, gestora de activos que passou para o Novo Banco

Assustados com a crise no universo Espírito Santo, investidores resgataram fundos que não tinham exposição ao grupo.

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ESAF, gestora de activos, ficou no universo do Novo Banco.

A crise no Grupo Espírito Santo gerou, em Julho, uma corrida ao resgate de fundos de investimento geridos pela ESAF, do universo do BES, num total de 748 milhões de euros, revelam os dados da APFIPP, divulgados esta quarta-feira.

A corrida aos resgates concentrou-se maioritariamente em três fundos - um Fundo de Tesouraria Euro, um FEI de Curto Prazo e um FEI de Obrigações, cuja “única exposição detida em activos BES era através dos depósitos junto da instituição”, refere a Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios (APFIPP).

No total destes três fundos, os resgates ascenderam a 696 milões de euros, verificando-se ainda resgates em fundos também geridos pela ESAF que integravam apenas acções americanas ou de mercados emergentes.

O comportamento dos investidores revela, para a  APFIPP,  “o longo caminho ainda a percorrer no âmbito da literacia financeira no nosso país, pois esta opção só é compreensível num quadro de desconhecimento da autonomia patrimonial dos fundos de investimento, no qual os seus participantes se encontram protegidos face a eventos como os que ocorreram no último mês”.

No quadro da divisão do BES em banco bom e banco mau, a ESAF ficou no banco bom, denominado de Novo Banco.

A APFIPP adianta que, no final de Julho, os fundos geridos pela ESAF tinham uma exposição residual a acções do Espírito Santo Financial Group (0,001%) e não detinham qualquer dívida emitida por aquela entidade ou pela Rioforte. Esclarece ainda que, final de Julho, a exposição ao Grupo Espírito Santo, excluindo BES, era nula.

A exposição da ESAF ao BES era essencialmente através de depósitos, transferidos para o Novo Banco, e 112 milhões de dívida sénior do banco, que também transitou para a nova instituição.

O aumento dos resgates gerados pela crise no universo Espírito Santo e pelo vencimento normal de três fundos de investimento, gerara um mês “atípico” no que se refere à evolução do mercado nacional de fundos de investimento mobiliário, levando a APFIPP a publicar uma nota informativa.

“Nos primeiros seis meses do ano, os montantes sob gestão aumentaram 8,8%, impulsionados por uma crescente procura por parte dos investidores, traduzida num saldo acumulado de subscrições líquidas de 900 milhões de euros”, refere a nota da APFIPP.

Em Julho, e particularmente pelos resgates de fundos da ESAF, o total de activos geridos caiu 6,4%, tendo registado uma saldo líquido (subscrições menos resgates) no valor de 788 milhões de euros.
 

   

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