EUA reforçam operação no Iraque e já estão a dar armas aos curdos

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Yazidis em fuga dos islamistas no norte do Iraque Rodi Said/Reuters

Os Estados Unidos começaram a fornecer armamento às forças pershmerga curdas envolvidas em combates directos com os militantes jihadistas do Estado Islâmico (EI) no Norte do Iraque, avançou a agência Associated Press, citando fontes da Administração norte-americana sob anonimato.

A “operação” não envolve o Pentágono mas estará a ser conduzida através de canais abertos pelos serviços de espionagem da CIA, que se escusou a comentar as notícias. A disponibilização de armamento responde ao apelo das autoridades do Curdistão, que solicitaram o apoio logístico da comunidade internacional — embora garantindo que a presença de tropas estrangeiras em território iraquiano não está minimamente em causa.

Segundo disse à CNN Marie Hard, porta-voz do departamento de Estado norte-americano, os EUA “estão a trabalhar com o Governo do Iraque para facilitar e distribuir, de forma expedita, as armas e munições necessárias às forças que combatem os militantes do EI”. Uma parte desse equipamento — metralhadoras e munições — será seguramente distribuída aos soldados curdos, admitiu aquela responsável, sem fornecer mais detalhes.

Outros aliados ocidentais estão a ponderar responder ao pedido de ajuda (bélica) dos curdos: o  Governo do Reino Unido, que já está comprometido com a missão humanitária em curso, anunciou o envio de “um número reduzido de jactos militares” para aumentar as capacidades de vigilância e, se necessário, agilizar a entrega de equipamento às forças no terreno.

A Itália, que assegura a presidência rotativa da Uniao Europeia, pediu o agendamento urgente de uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros para discutir o apoio aos curdos do Iraque, na próxima semana. “Não estamos a falar numa intervenção militar, mas num apoio militar ao governo autónomo da região do Curdistão”, notou a responsável da diplomacia italiana, Federica Mogherini.

Nos últimos dias, os combatentes peshmergas reclamaram algumas vitórias, expulsando os militantes do EI das localidades de Makhmour e al-Gweir e construindo fortificações temporárias que lhes permitem manter uma linha de defesa contra eventuais investidas dos jihadistas sobre Erbil, a capital histórica do Curdistão iraquiano e o centro petrolífero do país.

No entanto, a insurreição sunita que se estendeu pelo Norte do Iraque através da porosa fronteira com a Síria, e declarou o estabelecimento de um califado islâmico, recuperou o controlo da cidade de Jalawla, a 115 quilómetros de Bagdad e perto da fronteira com o Irão, depois de semanas de violentos combates com as forças curdas.

O Comando Central do Exército dos Estados Unidos confirmou que foram realizados novos raides aéreos contra alvos do Estado Islâmico nos arredores de Erbil. Em comunicado, o comando informa que foi atingida uma coluna automóvel insurrecta que se dirigia para a cidade, num ataque que fez um número indeterminado de vítimas.

Uma equipa de peritos da USAid, a agência norte-americana de apoio ao desenvolvimento internacional, partiu esta segunda-feira para o Iraque, para colaborar na missão humanitária e de socorro aos curdos yazidis e outros desalojados de guerra no Norte do Iraque (cristãos, turquemenos e muçulmanos xiitas) que envolve forças nacionais e vários parceiros internacionais.

Os relatos dos jornalistas estrangeiros que chegaram até à montanha de Sinjar, onde permanecem encurralados cerca de 20 mil curdos da minoria yazidi (um culto pré-islâmico), são dramáticos: idosos, mulheres e crianças aguardaram pelo salvamento durante mais de dez dias, em condições sobre-humanas: desabrigados e debaixo de temperaturas superiores a 30 graus centígrados, sem água nem mantimentos e aterrorizados pelo barulho dos tiros dos islamistas.

No domingo, a intervenção de uma facção rebelde de curdos sírios permitiu que cerca de 20 mil pessoas escapassem de Sinjar. Esta segunda-feira, a chegada de helicópteros do Exército iraquiano provocou cenas de caos, com famílias a atropelarem-se por um lugar, debaixo do fogo dos islamistas.

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