Congresso não aceita demissão dos Gandhi e dá-lhes carta branca para reformas

Derrota histórica frente ao nacionalista hindu Narenda Modi foi "responsabilidade colectiva".

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Sonia e Rahul Gandhi, os líderes do Partido do Congresso AFP

Sonia Gandhi e o filho, Rahul, ofereceram a sua demissão da direcção do Partido do Congresso da Índia, que sofreu uma monumental derrota nas legislativas, e que se reuniu em Nova Deli para discutir o que fazer. Mas a comissão directiva do partido recusou a demissão unanimemente.

Foi adoptada uma resolução que autoriza Sonia Gandhi, a viúva italiana do ex-primeiro-ministro Rajiv Gandhi, a tomar medidas para fazer grandes alterações no partido que, desde a independência da Índia, em 1947, tem dominado a política indiana.

O Congresso só não esteve no poder cerca de década e meia e sempre foi foi liderado pela família dinastia fundada por Nehru e continuada pela sua filha Indira e pelo seu neto Rajiv (foram todos primeiros-ministros e os dois últimos assassinados). O partido é, neste momento, liderado por Sonia e pelo filho, que foi o director de campanha e que já se responsabilizou pela derrota — ainda assim, Sonia e Rahul foram eleitos deputados pelas suas circunscrições.

Mas os eleitores, cansados da corrupção, dos elevados preços dos bens essenciais e da subida do desemprego castigaram a formação e a dinastia. Nas eleições, ganhas por maioria absoluta pelo nacionalista hindu Narenda Modi, o Congresso foi cilindrado, obtendo apenas 44 dos 545 lugares da câmara baixa do parlamento. 

“Como é que se pode culpar um indivíduo por este resultado? É uma responsabilidade colectiva do partido e do governo. Todos, incluindo eu, somos responsáveis pela derrota”, disse ao jornal The Hindu Ahmed Patel, secretário político da presidente do Congresso, Sonia Gandhi (mãe de Rahul). 

Sem os Gandhi, o Congresso perderia uma grande parte da sua identidade, mas alguns analistas explica, que o partido terá de se reinventar porque a família já não é a mais-valia política do passado, sobretudo devido à ausência de um líder unificador e carismático como foram os três primeiros-ministros que a família já produziu. 

“Eles são a melhor liderança que temos”, disse Amarinder Singh, um político que esteve na reunião, citado pelo The Wall Street Journal. Assumimos uma responsabilidade colectiva pela derrota”.

“Esta família é a fonte de vida do Congresso, é o seu oxigénio. Mas ao dominar a direcção do partido, impede o surgimento de uma liderança jovem e dinâmica”, frisava o Hindu num editorial em que mencionava a outra filha de Sonia, Priyanka, já considerada por muitos como “a salvadora” do Congresso. 


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