Portugal quer ser primeira escolha de investimento chinês na Europa

Parceria estratégica com a China é fundamental, defende o ministro da Economia, António Pires de Lima.

Foto
Cavaco Silva e Pires de Lima na China

Portugal está "a posicionar-se" para se tornar a primeira escolha de investimento de muitas empresas chinesas na União Europeia, afirmou o ministro da Economia no final do seminário empresarial sino-português que decorreu esta sexta-feira de manhã (madrugada de Lisboa) em Pequim. António Pires de Lima observou ainda que, para Portugal, a parceria estratégica com a China é fundamental seja no investimento, nas exportações ou no turismo.

No domínio dos contactos empresariais e económicos, o ministro aproveitou para fazer um balanço “muito positivo” da viagem de Cavaco Silva à China, um périplo que já passou por Xangai, está em Pequim e terminará no domingo em Macau.

Pires de Lima, que acompanha o Presidente da República, salientou o facto de o número de turistas chineses que viajam até Portugal ter crescido 40% no primeiro trimestre, estimando-se que as receitas cheguem a mil milhões de euros no final de 2014 (200 milhões em 2009). Ainda assim, e tendo em conta o potencial do mercado, são ainda muito poucos os chineses que visitam Portugal, realçou.

“Existe um mundo de oportunidades” que os dois países podem explorar e “é fundamental que a China seja um parceiro de Portugal quer nos investimentos [nos dois últimos anos já investiu mais de 4 mil milhões em Portugal], quer nas exportações, quer no turismo.” A presença de Cavaco Silva na China, onde tem mantido contactos políticos e empresariais ao mais alto nível, dever servir para Portugal se “posicionar” como a primeira escolha do investimento chinês na União Europeia, defende Pires de Lima.

Ligações aéreas e TAP em fundo
Nos últimos dias quer Pires de Lima, mas sobretudo o Presidente da República, têm defendido publicamente que deve haver uma companhia aérea a voar directamente de Portugal para a China (Pequim ou Xangai), uma solução defendida pelos empresários chineses e a que as autoridades dos dois países são sensíveis. Os voos deverão ser realizados por empresas aéreas chinesas, o que dará uma garantia do empenhamento em levar da China turistas para Portugal, isto para além de facilitar as relações comerciais entre os dois países.

Ainda em Xangai, a Fosun (que comprou 80% do capital da seguradora Fidelidade) promoveu um pequeno-almoço à porta fechada entre a delegação portuguesa encabeçada por Cavaco Silva (e onde esteve Pires de Lima) e grupos estatais e privados chineses, entre os quais o presidente da China Eastern Airlines (com sede em Xangai).

Durante o encontro, Pires de Lima mencionou o facto de a TAP poder ser privatizada, mas “não numa perspectiva de curto prazo", e nessa altura não excluirá o envolvimento das empresas aéreas chinesas interessadas em participar na operação.

Pires de Lima lembrou que uma das apostas do Governo é o sector do turismo, "que está a subir 6,5%”. Instado a comentar os dados macroeconómicos mais recentes, o ministro observou que “as exportações portuguesas não caíram no primeiro trimestre, subiram apenas 2%, mas menos do que pretendíamos".

"Vamos atingir no final do ano o objectivo traçado”, disse o governante, acrescentando que "há muita gente em Portugal que aproveita qualquer notícia [a desaceleração das exportações] para cantar o hino da desgraça”. O país “cresceu 1,2% no primeiro trimestre [e a União Europeia 0,9%] e estamos no bom caminho, acredito que vamos superar as estimativas do Governo de crescimento de 1,2% em 2014”, defende Pires de Lima.

Sobre o ambiente de euforia que existe no Governo em relação a alguns indicadores, o ministro recordou: "Se há pessoa que tem alertado que é preciso prudência e que a euforia é má conselheira sou eu.” O ministro explicou que "a viragem (a saída da recessão e a evolução para o crescimento económico) é constante mas gradual”. “Mas há ainda muito trabalho a fazer. E os discursos de euforia estão desajustados da realidade dos portugueses”, afirmou.

 O euro não morrerá, vaticina Cavaco
"Quem vos disser que um dia o Euro pode desaparecer, digam que a opinião do Presidente da República que conhece bem este assunto, porque presidiu à sessão de assinatura do Tratado de Maastricht, é que eles são muito irrealistas”, avisou esta manhã Cavaco Silva, ao intervir para uma plateia de estudantes de português.

Na biblioteca da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim, onde se formam os embaixadores e os quadros que vão ocupar funções de topo na administração pública chinesa, Cavaco Silva vaticinou: “O euro, tal como o dólar e a moeda chinesa, vão cada vez mais afirmar-se como moedas internacionais.”

Na fase final da sua viagem à China, um périplo que este fim-de-semana termina em Macau, o Chefe de Estado tem defendido de forma consistente e constante a aposta de Portugal nas relações económicas, comerciais e empresariais com a China, mas também académicas e científicas.

Aos cerca de 70 estudantes que estudam português em Pequim, o Presidente foi falar do valor económico e cultural

da língua de Camões, “a língua oficial de 250 milhões de pessoas em 8 países” e que “durante séculos foi a língua franca na Ásia e em África”. A intervenção de Cavaco Silva decorreu depois de Maria Cavaco Silva ter dado uma aula de português aos estudantes presentes e a quem falou da “sua poeta preferida Sophia de Melo Bryner”, mas também de Camões.

De seguida o Presidente da República voltou a discursar agora perante empresários portugueses e chineses a quem reafirmou um desejo: que Portugal seja a porta de entrada na União Europeia das empresas chinesas e um ponto de conexão da potência asiática com o mundo lusófono (Angola, Moçambique e Brasil).

“Portugal encontra-se hoje em segmentos de mercado específicos numa posição de vanguarda a nível mundial”, explicou Cavaco Silva. Por seu lado, a China “encontra-se numa imparável rota de desenvolvimento”. A China é uma “economia de sucesso”, um país “em voga”, um “dos maiores expoentes do crescimento económico a nível mundial”, frisou.

“Disse ontem a Presidente da República [Xi Jinping] que os europeus se surpreendem com a taxa de crescimento económico da China. E disse-lhe: 'Sr. Presidente, eu desejo que continue a surpreender cada vez mais os europeus.'”

Cavaco Silva, que procura posicionar Portugal como um interlocutor privilegiado da China, nomeadamente na UE, acrescentou “que achava que deviam continuar nessa rota, porque isso era bom para a economia mundial. Estamos afastados em cada lado do mundo, mas juntos [Portugal e a China] podemos criar valor e isso é benéfico” para ambos os países.
 

   





Sugerir correcção
Comentar