Judeus ucranianos fogem do anti-semitismo para Israel

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Os judeus têm medo da extrema-direita e das intenções da Rússia Baz Ratner/Reuters

O número de judeus ucranianos que estão a emigrar para Israel aumentou 142% nos primeiros quatro meses do ano em relação ao período homólogo de 2013 e esta tendência deverá mesmo acelerar com a crise em curso no país, de acordo com Agência Judaica.

Segundo aquela organização não-governamental israelita, chegaram 762 imigrantes ucranianos durante os primeiros quatro meses do ano, contra 315 no mesmo período de 2013. Esta tendência continua a manifestar-se com o aumento de 200% em Março e 295 % em Abril, em comparação com o mesmo mês do ano passado, disse neste domingo um porta-voz da Agência Judaica.

“O número de pessoas que iniciaram formalmente o processo de imigração aumentou dramaticamente, os pedidos de informações sobre a imigração para Israel não param de chegar", acrescentou o porta-voz.

"Eu tenho medo da Rússia, não dos russos, mas do governo. Acho que o Ocidente está a subestimar o perigo que Putin representa”, disse à BBC Asya Kreimer, ucraniana judia de 56 anos, residente na cidade de Donetsk. O anti-semitismo sempre foi parte integrante da sua história familiar. Cinco tias de Asya foram enterradas vivas durante a invasão alemã em 1941. 

Desde o fim da Segunda Guerra, a vida dos judeus locais tem sido de relativa paz. Asya conta que recusou várias oportunidades para deixar a Ucrânia desde o colapso da União Soviética. “Mas agora é a primeira vez na minha vida que penso ir embora".

Nas últimas semanas foram distribuídos vários folhetos com mensagens anti-semitas à saída das sinagogas de Donetsk por homens mascarados. A cidade no leste da Ucrânia é um dos principais pólos do conflito entre o governo de Kiev e os separatistas pró-Russia, que querem que a área seja anexada por Moscovo, a exemplo do que aconteceu na Crimeia.

Recentemente Moshe Reuven Azman, um dos rabinos da capital ucraniana Kiev pediu aos judeus para deixarem a cidade e até mesmo o país, se possível, temendo que os judeus da cidade sejam uma das principais vítimas no meio de todo este caos, segundo o jornal Haaretz.

"Eu disse à minha congregação para deixar a cidade e se possível o país também”, disse Azman Maariv. "Eu não quero abusar da sorte", acrescentou, "mas há avisos constantes a respeito das intenções dos grupos de extrema-direita em atacar instituições judaicas."

Segundo os representantes da Agência Judaica existe um " contacto permanente com as comunidades judaicas nas áreas afectadas pelo conflito. Estamos a acompanhar atentamente a situação, ajudando a comunidade a satisfazer todas as suas necessidades de segurança mas também a apoiar todos os judeus que queiram imigrar para Israel. "

Esta posição deve-se principalmente ao medo inspirado pela "capacidade intimidatória" da Rússia, disse recentemente à AFP um diplomata israelita. A comunidade judaica na Ucrânia é constituída por cerca 200 mil pessoas, a maioria dos quais vive em Kiev.

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