Separatistas pró-russos libertam observadores da OSCE

Sexta-feira foi o dia mais sangrento, com mais de 30 mortos em ataque a edifício onde estavam barricados separatistas em Odessa.

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Axel Schneider, um dos libertados neste sábado AFP

Um grupo de observadores militares da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) que tinham sido detidos por separatistas pró-russos na cidade ucraniana de Slaviansk foram libertados, anunciou Moscovo e confirmou a OSCE.

O autoproclamado presidente da câmara de Slaviansk, Viacheslav Ponomariov, foi o primeiro a anunciar a libertação. Disse que tinha tomado de livre vontade a decisão de libertar os sete observadores e a sua escolta ucraniana, que estavam no local numa missão liderada pela Alemanha. O dia foi escolhido, acrescentou, para coincidir com o seu aniversário. “Eram meus convidados, e, como lhes tinha prometido, celebrámos o meu aniversário ontem, e hoje foram-se embora.”

Ponomariov deu ainda crédito à visita do enviado russo Vladimir Lukin nas negociações para a libertação dos observadores. A Alemanha e os EUA vinham a pressionar Moscovo e a criticar a Rússia por não ter sequer condenado as detenções. A resposta de Vladimir Putin às pressões de Angela Merkel foi a de que só poderia haver uma solução para a crise quando o Exército ucraniano retirasse do Leste do país.

Dmitri Peskov, porta-voz de Vladimir Putin, veio entretanto dizer que a Rússia não controla os rebeldes no Leste e no Sul da Ucrânia. "É impossível convencê-los a desarmarem-se,a deixarem a resistência, num contexto de ameaças directas à sua sobrevivência", afirmou. E frisou a mensagem do Kremlin de ilegitimar as presidenciais de 25 de Maio: "Falar de eleições nestas condições é pelo menos absurdo."
Na véspera, o Presidente norte-americano, Barack Obama, tinha afirmado que “a ideia de que há um levantamento espontâneo na Ucrânia é posta em causa pelo uso de armas antiaéreas pelos pró-russos”. A Rússia “não tem o direito de violar a integridade territorial ucraniana”. 

Tudo isto ocorre após o dia mais sangrento desde que começaram as ocupações de edifícios e órgãos de poder no Leste da Ucrânia, quando mais de 30 pessoas morreram na cidade ucraniana de Odessa. Muitos morreram num ataque em que foi incendiado um edifício sindical, onde se acredita que estivessem activistas pró-russos. A maioria morreu de inalação de fumo, outros ao saltar das janelas do grande edifício.

O Governo provisório de Kiev denunciou já nesta sexta-feira a "ingerência exterior" de Moscovo no ataque de pró-russos armados com bastões, correntes, cocktails Molotov e até armas de fogo contra uma manifestação a favor da unidade da Ucrânia, em que os participantes eram sobretudo membros de claques de clubes de futebol, que esteve na origem do cerco ao edifício e do incêndio.

O porta-voz de Putin acusou as autoridades de Kiev e os seus apoiantes de terem “responsabilidade directa” pelas mortes. 

As autoridades ucranianas prometem manter a operação contra os separatistas pró-russos, e o ministro do Interior, Arsen Avakov, disse que forças ucranianas tinham tomado o controlo de uma torre de televisão em Kramatorsk, perto de Slaviansk.

Slaviansk foi o mais significativo avanço das forças ucranianas desde o início das acções dos separatistas pró-russos armados que tinham conseguido o controlo da cidade. 

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