Referendo ao Tratado Orçamental é “exigência democrática”, diz Catarina Martins

Líder do Bloco defende que Tratado Orçamental é a garantia de que a austeridade é para continuar depois do fim do programa da troika.

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Catarina Martins Miguel Manso

O Tratado Orçamental é o instrumento que permite ao Governo manter as políticas de austeridade depois do fim do programa de assistência acordado com a troika de credores internacionais, disse nesta segunda-feira a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins. É, por isso, "uma exigência democrática" os portugueses serem chamados às urnas para se pronunciarem sobre "a troika depois da troika", defendeu a líder bloquista.

Em Olhão, no âmbito das jornadas parlamentares do partido, e já depois de a eurodeputada Marisa Matias ter anunciado que o partido vai avançar no Parlamento com uma proposta de referendo ao Tratado Orçamental, Catarina Martins aproveitou o jantar comício para responder a Paulo Rangel, cabeça de lista da coligação PSD/CDS às eleições europeias.

“É uma exigência de democracia, da capacidade de um povo escolher o seu caminho”, disse durante o jantar com dezenas de militantes e apoiantes do partido. Considerando que o Governo já não dispõe de argumentos para recusar reestruturar a dívida, a coordenadora do BE concluiu que PSD e CDS “se agarram ao Tratado Orçamental para continuar a troika depois da troika ir embora”.

Segundo a líder do BE, Rangel recorreu à falta de “oportunidade” e “fundamento” para recusar a ideia do referendo, afirmando que um país na situação de Portugal “não pode pôr em causa o consenso europeu”. As palavras do social-democrata levaram Catarina Martins a questionar: “Que consenso se os povos não foram chamados a dizer nada? Existe algum consenso nos povos europeus para a austeridade permanente?”

A líder bloquista questionou ainda os motivos da “direita estar tão assustada” com a proposta de referendo, afirmando que o Tratado Orçamental é “a chantagem” que PSD e CDS precisam para impor a mesma política dos últimos três anos. E defendeu que é uma “exigência democrática” chamar os portugueses às urnas para se pronunciarem sobre o Tratado.

Já em tom de pré-campanha às eleições europeias, a líder do BE acrescentou: “Se querem determinar a nossa vida toda daqui para a frente, temos que nos pronunciar sobre isso”.

"35 mil euros na EDP"
Para o final da intervenção, Catarina Martins guardou críticas para Eduardo Catroga, "o “homem que dizia que tinha influenciado o memorando da troika” e que agora vem dizer que é um "sacrificado" pelas políticas de austeridade.

"Num país em que três em cada dez famílias não conseguem aquecer a casa, não conseguem ter energia porque não ganham para pagar a conta da luz, isto é indecência, isto é um insulto", disse Catarina Martins.

Eduardo Catroga explicou ao Correio da Manhã, na semana passada, que ganha menos do que antes de aceitar o convite da EDP. "Não chega a compensar totalmente o que deixei de ganhar pelo não exercício de outras funções de administração ou consultoria em empresas privadas", justificou ao jornal.

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