Na África do Sul combate-se a sida com preservativos coloridos e perfumados

Mais de seis milhões de pessoas na África do Sul têm sida. Governo anuncia campanha para atrair mais jovens para o uso do preservativo.

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A África do Sul está entre os dez países com mais pessoas infectadas do mundo Tony KARUMBA/AFP

A protecção contra doenças sexualmente transmissíveis na África do Sul continua a registar valores mais baixos que o necessário nos últimos anos. Para ajudar a inverter a tendência naquele que é o país mais afectado do mundo pela sida, principalmente junto dos jovens, vão ser distribuídos preservativos coloridos, perfumados e em embalagens apelativas.

Os números de contaminação por VIH, vírus da imunodeficiência humana que está na origem da sida, não têm diminuído na África do Sul. Segundo o estudo mais recente divulgado pelo Conselho de Investigação de Ciências Humanas e citado pela AFP, perto de 6,4 milhões de sul-africanos, cerca de 12,2% da população do país, eram seropositivos em 2012. Taxas reveladas a 1 de Dezembro último, Dia Mundial de Luta contra a Sida, indicam que esse valor é de 17,8%.

O mesmo trabalho revelou que o uso geral do preservativo desceu desde 2008 e que as contaminações passaram de 370 mil em 2011 para 470 mil no ano seguinte. O estudo mostrou ainda que cerca de um terço das pessoas inquiridas (36,2%) em 2012 afirmaram ter utilizado um preservativo, contra 45,1% em 2008, último ano desde 2002 em que foram sendo registados aumentos no uso desta forma de protecção.

A morte por sida diminuiu no país devido aos tratamentos antiretrovirais mas por outro lado comportamentos de risco por parte da população tem levado a que o contágio continue a registar-se.

“Apercebemo-nos que preservativo actual pode estar no mercado por muito tempo e já não atrair os jovens”, explicou esta quinta-feira à AFP o porta-voz do Ministério da Saúde sul-africano.

Joe Maila explica que a nova campanha do governo em defesa da protecção contra doenças sexualmente transmissíveis pretende “garantir que a embalagem [do preservativo] atraia a atenção da juventude”. “É uma questão de embalagem, apresentação, mas também de cor e sabor do próprio preservativo. Tem que se tornar cool”, continuou o porta-voz.

Segundo dados revelados no Dia Mundial de Luta contra a Sida, o número de infectados no mundo aumentou 17,7% desde o início do milénio (30 milhões em 2001 contra 35,3 milhões em 2012), mas o número de novas infecções baixou 32,4% (de 3,4 milhões para 2,3 milhões). A diminuição do número de mortes (1,9 milhões em 2001 contra 1,6 milhões em 2012) explica-se com a capacidade, sobretudo nos países mais ricos, de sobreviver mais anos com a doença.

O continente africano continua, porém, a contrariar esta tendência. A África do Sul está entre os dez países com mais pessoas infectadas do mundo. Na lista está ainda a Suazilândia, o Botswana, o Lesoto com taxas de infecção acima dos 20% da população, Zimbabwe (14,7%), Namíbia (13,3%), Zâmbia (12,7%), Moçambique (11,1%), Malawi (10,8%) e Uganda (7,2%).

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