Queda da inflação para 0,5% aumenta pressão sobre o BCE

BCE tem reunião marcada para a próxima quinta-feira e continua a ter de dar resposta aos riscos de deflação na zona euro.

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Mario Draghi toma decisão sobre os juros na quinta-feira Foto: Daniel Roland/AFP

A taxa de inflação da zona euro voltou a cair em Março, desta vez para um mínimo dos últimos cinco anos, mantendo viva a ameaça de deflação na economia europeia.

De acordo com a primeira estimativa publicada nesta segunda-feira pelo Eurostat, a variação homóloga dos preços nos países da moeda única cifrou-se em 0,5%, uma nova descida face aos 0,7% registados em Fevereiro.

Os analistas, inquiridos pelas agências noticiosas antes da publicação dos dados, estavam em média a apontar para uma descida do indicador, mas para 0,6%.

Esta nova queda da taxa vem acentuar a tendência de descida da inflação na zona euro para valores muito próximos do zero e pode servir para pressionar ainda mais o Banco Central Europeu (BCE) a tomar medidas de estímulo à economia.

O BCE já tem assumido, há vários meses, que a zona euro irá passar por um período longo de inflação muito baixa, claramente abaixo à sua meta de variação homóloga dos preços (inferior, mas próxima de 2%).

Até aqui, os responsáveis do banco central têm considerado que a colocação das taxas de juro nos 0,25% e a promessa de que estas não sofrerão qualquer subida durante um período logo de tempo é suficiente para evitar que a zona euro cai em deflação, isto é, num cenário de queda persistente dos preços que acaba por conduzir a uma estagnação prolongada do consumo e do investimento. Nas suas estimativas, o BCE aponta para que a taxa de inflação suba para os 1,7% no decorrer de 2016.

No entanto, há quem alerte, incluindo o FMI, que o risco de deflação na Europa é neste momento elevado, o que justificaria uma acção mais decidida do BCE, seja através de novas reduções das taxas de juro, seja, principalmente, através de medidas extraordinárias como a injecção de liquidez na economia através da compra de activos por parte do banco central. Foi isto que a Reserva Federal e o Banco de Inglaterra - para além do Banco de Japão há já vários anos - fizeram no decorrer desta crise.

A publicação destes dados referentes à inflação, que caiu para o valor mais baixo desde 2009, constituem uma pressão adicional sobre o BCE, a poucos dias de uma nova reunião, na quinta-feira, do Conselho de Governadores.

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