Defesa da renegociação da dívida é uma atitude “urgente e patriótica”, diz PCP

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Jerónimo de Sousa Raquel Esperança

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, anunciou que seu partido vai reapresentar, a curto prazo, um projecto de resolução na Assembleia da República para debater a renegociação da dívida pública nacional.

O líder dos comunistas lembrou que a dívida pública “atinge quase 130 por cento do PIB [Produto Interno Bruto]” e, segundo sublinhou, a renegociação dos seus “prazos, juros e montantes” é uma luta “urgente e patriótica”.

Em declarações proferidas em Aveiro, no encerramento da Assembleia Regional do PCP, Jerónimo de Sousa não esqueceu aqueles que há precisamente três anos os restantes partidos contestaram a proposta do PCP para a renegociação da dívida pública. “O que não disseram da nossa proposta na altura! Caiu o Carmo e a Trindade”, ironizou, especificando: “Disseram que a nossa proposta era irresponsável e irrealista.”

Contudo, para o secretário-geral do PCP, os números, passados estes três anos, vieram dar razão à proposta defendida pelos comunistas. “Na altura, a dívida pública atingia 94 por cento do PIB e já custava ao país, por ano, cerca de cinco mil milhões de euros. Hoje, a nossa dívida pública atinge quase 130 por cento do PIB e custa ao país mais de sete mil milhões de euros de juros anuais”, vincou.   

Segundo sublinhou ainda Jerónimo de Sousa, “são hoje cada vez mais as vozes que se levantam e que defendem que a dívida é insustentável e que não pode ser paga mantendo as actuais condições”. Numa clara alusão ao manifesto subscrito por 74 personalidades nacionais e outras tantas internacionais a apelar à reestruturação da dívida, o líder dos comunistas não deixou de apontar que “entre estas vozes estão muitos que não só combateram a proposta de renegociação do PCP, como defenderam o pacto de agressão que tanto sofrimento causou ao povo português”.

Ainda assim, Jerónimo de Sousa faz questão de dar as boas-vindas a todas estas “vozes”, uma vez que, frisou, “perante uma dívida insustentável - e em parte ilegítima -, a renegociação da dívida nos seus prazos, juros e montantes assume-se como uma urgente e patriótica atitude”. “Não uma renegociação qualquer, ou um simulacro de uma reestruturação, mas sim uma renegociação capaz de permitir o relançamento da economia nacional”, acrescentou.

No seu discurso, Jerónimo Sousa fez ainda questão de aludir às eleições europeias agendadas para Maio, sublinhando que esta será “uma importante batalha para a defesa dos interesses nacionais” e “cujo resultado pode e deve contribuir para a pesada derrota do Governo PSD/CDS-PP e abrir espaço a uma alternativa”. “Uma batalha eleitoral no combate que travamos no quadro de uma União Europeia marcada pelo aprofundamento de um rumo neoliberal, federalista e militarista, e cujas organizações têm importantes consequências na actual situação do país”, acrescentou o líder dos comunistas.    
 

   

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