Museu Memorial do 11 de Setembro abre no dia 21 de Maio

Edifício vem completar o programa de evocação do ataque terrorista que em 2001 matou quase três mil pessoas em Nova Iorque.

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Cerca de dois anos e meio (e mais de 500 milhões de euros) depois da data inicialmente prevista, o Museu Nacional Memorial do 11 de Setembro vai ser inaugurado no dia 21 de Maio, no local onde existiram as Torres Gémeas do World Trade Center (WTC).

A data foi anunciada esta semana em Nova Iorque pela direcção da instituição, cujo projecto, de autoria do atelier de arquitectura Davis Brody Bond, foi lançado em 2008.

O atraso na construção do museu foi motivado por uma sucessão de obstáculos, que incluiu polémicas políticas, processos judiciais, as consequências de um furacão e sucessivas derrapagens nos custos, que, com os 700 milhões de dólares agora orçamentados, faz do novo edifício um dos projectos mais caros da história americana recente, nota o jornal londrino The Artnewspaper.

“Tivemos de suportar deliberações, conversas e discussões quase sobre a cada centímetro do espaço”, justificou Alice Greenwald, directora do museu, na apresentação feita esta semana à comunicação social.

Dedicado a um acontecimento que muitos dos futuros visitantes viveram directa ou indirectamente, o Museu Memorial do 11 de Setembro vai ter de conciliar as expectativas dos nova-iorquinos e familiares das vítimas, que podem estar ainda a viver sob o trauma da tragédia, com a necessidade de a documentar para os visitantes de fora e as gerações futuras.

O museu tem de ser “tão autêntico e verosímil para o familiar de uma das vítimas como para um turista de Peoria, no Illinois”, sintetizou Alice Greenwald.

O novo museu vem acrescentar-se ao memorial do Ground Zero e ao novo One World Trade Center, que deverá ficar também concluído durante o corrente ano. E tem como projecto programático tornar-se “a principal instituição no país para reflectir sobre as implicações do 11 de Setembro, documentando o impacto da tragédia e explorando o seu significado para o futuro”, como pode ler-se no site.

Erigido no sítio das antigas fundações das Torres Gémeas, o museu surge mais como “uma escavação arqueológica” do que um edifício, nota Alice Greenwald. Descendo a uma profundidade de cerca de 20 metros, o visitante vai poder distribuir-se por duas alas. Na que fica do lado da antiga Torre Sul, são homenageadas não só as vítimas do ataque terrorista de 2001 bem como as do atentado bombista de Fevereiro de 1993, no mesmo local. Os seus nomes, e as fotografias cedidas por familiares, poderão ser procurados num monitor interactivo. Já as vítimas que acabaram por não ser identificadas serão lembradas num mural com a seguinte inscrição: “Nenhum dia vos apagará da memória do tempo” (“No day shall erase you from the memory of time”).

Do lado da Torre Norte, são evocados os acontecimentos que levaram ao 11 de Setembro, e os visitantes terão também disponível um painel interactivo onde vão poder registar os seus testemunhos desse dia e/ou ouvir as reflexões sobre ele de figuras como a ex-secretária de Estado Hillary Clinton ou o Procurador-Geral dos Estados Unidos, Eric Holder.

Ainda na cave, a partir de um lobby envidraçado, os visitantes poderão ver o edifício do novo One World Trade Center.

Mas a polémica promete continuar a acompanhar a história do Museu Memorial, mesmo a poucas semanas da sua inauguração. Desta vez, em causa está o preço dos bilhetes da visita – 24 dólares (17,4 euros) –, que muitos, e em especial os representantes das vítimas, consideram excessivo, se não mesmo “chocante”.

Citada pelo The Artnewspaper, Alice Greenwald nota que a administração do museu (de que fazem parte figuras como os actores Robert De Niro e Billy Crystal, por exemplo) só recebeu de fundos públicos 300 milhões de dólares para pagar a construção, e que não está previsto nenhum apoio governamental para a gestão diária do equipamento (que deverá ascender a 60 milhões de dólares/ano).

A directora do museu lembrou também que sempre esteve previsto que o museu fosse a fonte de rendimento que não só ajudasse à sua gestão, mas também a manter gratuito o acesso à praça memorial do Ground Zero.

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