Memorial de Nova Iorque abriu as portas a uma nova era

Foto
Em torno dos tanques estão gravados, em grandes placas de bronze, os nomes de todas as quase 3000 pessoas que perderam a vida nos ataques Justin Lane/Reuters

O enorme quarteirão que, durante a última década, ficou conhecido por Ground Zero abre hoje as portas a uma nova era. Depois de ontem os familiares das vítimas do 11 de Setembro terem podido tocar, pela primeira vez, as placas de bronze onde estão gravados os nomes dos seus entes queridos, hoje é a vez de o público em geral aceder ao local.

A abertura das portas está marcada para as 10h (15h portuguesas). Nessa altura todos os interessados poderão visitar o novo memorial que consiste em dois grandes tanques com cascatas de água e que foram construídos no exacto local onde estavam as bases das Torres Gémeas.

Em torno desses tanques estão gravados, em grandes placas de bronze, os nomes de todas as quase 3000 pessoas que perderam a vida naqueles que foram os piores ataques contra alvos do poder americano, em 2001. Ontem, muitos familiares decalcaram os nomes dos entes queridos para grandes folhas de papel com o auxílio de lápis de carvão.

Sabe-se que os nomes foram espalhados pelas placas de bronze com a ajuda de um algoritmo matemático que ajudou a optimizar a disposição dos nomes. Para ajudar os familiares a encontrarem um nome, está à disposição dos visitantes um directório electrónico, que localiza em segundos o lugar onde foi gravado determinado apelido ou nome próprio.

Depois de abertos os portões, sob fortes medidas de segurança, os visitantes poderão aceder aos tanques ou passear por entre as centenas de carvalhos que foram plantados no local.

Sufia Simjee, de Baltimore, disse à AP que viajou até Nova Iorque em homenagem à sua prima, Nasima H. Simjee, uma analista financeira morta nos ataques. Sufia explicou que, como os familiares nunca tiveram acesso aos restos mortais de Nasima, pelo menos agora têm um local onde deixar flores e honrar a sua memória.

Debra Burlingame, cujo irmão Charles era o piloto do voo 77 da American Airlines, chorou quando encontrou o seu nome, relata igualmente a agência americana.

“Criamos um espaço onde, independentemente das cores políticas, da classe económica, da etnicidade e do país de origem, as pessoas podem encontrar-se e prestar homenagem num lugar que foi transformado de um sítio de muita dor para um outro lugar de beleza assombrosa”, indicou na semana passada o presidente do memorial, Joe Daniels, citado pela AP.

O acesso ao local será gratuito, mas rigorosamente controlado em termos de segurança. Os visitantes necessitarão de obter previamente um passe, permitindo-lhes o acesso num dia e hora específicos. Não serão permitidas mais de 1500 pessoas no interior do recinto. Cerca de 400 mil pessoas já reservaram passes para os próximos meses.

Grande parte do recinto ainda está em obras e continuará assim pelo menos durante mais um ano.

O custo do memorial e do museu - que ainda não abriu - foi avaliado em 700 milhões de dólares, tendo um orçamento anual na ordem dos 50 milhões de dólares.

Título alterado às 18h
Sugerir correcção
Comentar