Há ou não hotéis a mais projectados para a Baixa Pombalina?

O vereador Manuel Salgado defende "uma mistura" de usos para esta zona da cidade.

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A febre hoteleira atacou a baixa da capital? Carlos Lopes/Arquivo

Numa altura em que muito se tem falado numa suposta febre hoteleira na Baixa Pombalina, Manuel Salgado diz que não compete à Câmara de Lisboa “fazer uma regulação do mercado”, algo que em seu entender nem sequer seria “desejável”. O autarca acredita que se os promotores avançam com os projectos é porque haverá procura e recusa a ideia de que se esteja a roubar espaço para a habitação.

“Não lhe sei dizer isso”, respondeu Manuel Salgado, quando o PÚBLICO lhe perguntou se não haverá um excesso de oferta quando todos os hotéis que têm vindo a ser licenciados para esta zona da cidade estiverem abertos. “Eu não sou hoteleiro mas também não acredito que alguém se ponha a investir uns milhões a construir um hotel e não tenha feito as contas”, acrescenta, lembrando que “na maior parte das cidades os hotéis tendem a estar concentrados no centro”.

O vereador do Urbanismo da Câmara de Lisboa admite que a opção por um equipamento desta natureza implica que haverá menos um edifício de habitação, mas sublinha que “são raros os hotéis que são construídos de raiz”, surgindo “a maior parte” deles em prédios que já tinham esse fim ou que eram pensões e foram entretanto reabilitados.

Além disso, afirma Manuel Salgado, é preciso que haja na Baixa, onde há 79 edifícios total ou parcialmente devolutos, “uma mistura” de usos, com residentes, emprego e comércio. A esse respeito, o autarca admite que se está a assistir a “uma coisa perversa” nesta zona: à transformação de “muita habitação” em habitação de curta duração.

Quanto à questão da preservação das lojas históricas, debate antigo que surgiu recentemente a propósito da ameaça de fecho da Ginjinha Sem Rival, o vereador diz que “legalmente” a câmara “não tem mecanismos” para fazer mais. E apela à sociedade civil para que se organize para intervir nesta área, dando como exemplo Covent Garden, em Londres, onde “há uma associação de comerciantes que adquire espaços e os arrenda”.       

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