Glenn esteve 25 anos no corredor da morte e afinal estava inocente

No julgamento, em 1988, foram suprimidas provas essenciais.

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Glenn Ford em 1988, quando foi condenado à pena de morte DR

Glenn Ford passou 25 anos no corredor da morte numa prisão do Louisiana, nos Estados Unidos. Foi condenado pelo assassínio, em 1983, de um joalheiro. Afinal, provou-se agora, estava inocente – foi libertado aos 64 anos.

No julgamento, em 1988, Ford foi considerado culpado da morte de Isadore Rozeman, o joalheiro para quem fazia trabalhos ocasionais.

Novas provas vieram determinar que Glenn Ford, que é negro, nada teve a ver com o crime e não estava sequer perto do local onde Rozeman foi assassinado, como disse durante o julgamento. Na segunda-feira, a procuradora estadual, Ramona Emanuel, anulou a condenação e Glenn Ford foi libertado da prisão de alta segurança Angola.

Os advogados disseram que a condenação de Ford, e a pena de morte, se deveu, em parte, à inexperiência do advogado de defesa que tratou do caso, na altura, e à eliminação "inconstitucional" de provas, entre elas dados revelados por informadores da polícia. Terá também sido suprimido do julgamento um relatório policial sobre a arma do crime.

Glenn Ford foi condenado apesar de não haver testemunhos do crime e da arma nunca ter sido encontrada. A sua prisão baseou-se no testemunho de uma mulher que, mais tarde, disse ter mentido. O advogado de defesa nomeado pelo Estado nunca tinha participado num julgamento de um caso de assassínio. Foi o júri, composto apenas por brancos, que recomendou a pena de morte.

À saída da prisão, um jornalista perguntou-lhe se estava ressentido com a Justiça. Ford disse que sim. Afinal, explicou, perdeu parte da vida a pagar por um crime que não cometeu e não viu os filhos crescer. "A minha cabeça está a mil, mas o sentimento geral [sobre estar em liberdade] é bom", disse.

"Não posso voltar atrás e fazer o que devia ter feito aos 35, 38, 40 anos. O meu filho era um bebé e agora é um adulto com filhos pequenos", disse Glenn Ford.

A lei do Louisiana determina que, em casos como este,que não é inédito, o cidadão erradamente condenado tenha direito a uma indemnização. Ford deverá receber 25 mil dólares (18 mil euros) por cada ano na prisão até um máximo de 250 mil dólares (180 mil euros), mais 80 mil dólares (57 mil euros) por "oportunidades perdidas".

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