Estrela mais antiga até agora descoberta vive na Via Láctea

Nasceu cerca de 200 milhões de anos após o Big Bang e vive a 6000 anos-luz de distância da Terra.

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Stefan Keller junto do telescópio SkyMapper Universidade Nacional da Austrália

Os astrónomos australianos anunciaram ter identificado uma estrela nascida há 13,6 mil milhões de anos, no alvorecer do Universo, o que faz dela a estrela mais antiga jamais descoberta até hoje. O estudo sobre a origem destas estrela foi publicado na Nature neste domingo.

Se os cálculos daqueles cientistas estiverem correctos, esta estrela formou-se cerca de 200 milhões de anos após o Big Bang. Em termos comparativos, a Terra tem 4,5 mil milhões de anos. Há 200 milhões de anos, os dinossauros dominavam o mundo.

Até agora, os mais antigos astros identificados tinham 13,2 mil milhões de anos. Estes objectos foram descritos em 2007 e 2013 por, respectivamente, equipas europeias e norte-americanas.

À escala astronómica, esta antiga estrela está relativamente próxima de nós, sublinha Stefan Keller, do observatório do Monte Stromlo, perto da capital australiana de Canberra. A estrela está situada na Via Láctea, na nossa galáxia, a cerca de 6000 anos-luz da Terra. No catálogo do Universo, a sua identificação é SMSS J0313000.36-670839.3.

“O que permite a revelação da idade desta canónica estrela é a ausência total de qualquer nível detectável de ferro no espectro da luz que se liberta dela”, explica Stefan Keller à agência France Press.

Após o Big Bang, o Universo estava cheio de hidrogénio, hélio e tinha traços de lítio. Todos os outros elementos que existem hoje foram produzidos nas estrelas durante a reacção nuclear que se dá no seu interior. Depois, novas estrelas com elementos mais complexos foram nascendo a partir de nuvens de gás e pó deixados pelas supernovas – estrelas gigantes que explodem no final das suas vidas.

A reciclagem contínua daqueles elementos pode servir aos astrofísicos para avaliar a idade de uma estrela a partir da concentração crescente de ferro. Ou seja, quanto menos ferro tiver uma estrela, mais antiga ela é.

“A taxa de ferro no Universo aumenta com o tempo, à medida que se formam e que morrem novas gerações de estrelas”, resume o astrónomo. “Podemos utilizar a quantidade de ferro contido numa estrela como um ‘relógio’ que nos diz quando é que ela se formou.”

“No caso da nossa estrela, a quantidade de ferro é menos de um milionésimo do que a do nosso Sol, e 60 vezes menos do que qualquer outra estrela já analisada. O que significa que esta é a estrela mais velha alguma vez descoberta”, afirmou o investigador.

A estrela em questão foi descoberta com a ajuda do telescópio SkyMapper da Universidade Nacional da Austrália, que está a conduzir um estudo de cinco anos sobre o céu do Sul.

De acordo com o estudo, esta estrela foi produzida a partir dos despojos de uma supernova pouco energética, que teria uma massa 60 vezes a massa do Sol, e foi uma das primeiras estrelas do Universo. 

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