As Pussy Riot estão nos EUA e fizeram rir Stephen Colbert

Maria Aliokhina e Nadezhda Tolokonnikova foram as estrelas de um concerto promovido pela Amnistia Internacional. Depois do feminismo radical, assumem a pele de activistas pela libertação de prisioneiros políticos russos.

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Maria e Nadezhda no espectáculo no Barclays Center, em Nova Iorque Carlo Allegri/Reuters
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As duas Pussy Riot com Madonna Don Emmert/AFP
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Na sua passagem pela Holanda, Maria e Nadezhda visitaram várias prisões Michael Kooren/REUTERS
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Conferência de imprensa da Amnistia Internacional em Nova Iorque Don Emmert/AFP
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Maria e Nadezhda foram recebidas pela embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Samantha Power Louis Charbonneau/REUTERS

Um mês depois de terem sido libertadas das duras prisões russas onde passaram os últimos dois anos das suas vidas, os rostos mais conhecidos do grupo punk que tanto tem irritado Vladimir Putin subiram ao palco do luxuoso Barclays Center, em Nova Iorque, pela mão da Amnistia Internacional. Não cantaram, não tocaram, mas ouviram a artista anteriormente conhecida como a rainha da pop, Madonna, a gritar os seus nomes: "É um privilégio e uma honra apresentar-vos Masha e Nadia, das Pussy Riot!"

Maria "Masha" Aliokhina e Nadezhda "Nadia" Tolokonnikova agradeceram os aplausos americanos e passaram rapidamente a dizer ao que iam: mais do que recontar a sua história de confronto com Putin, as duas jovens russas surgem agora como porta-vozes dos apelos à libertação de prisioneiros políticos no seu país, em particular de oito que têm julgamento marcado para o fim deste mês por terem participado nos protestos anti-Putin de 2012.

Pelo palco do concerto organizado pela Amnistia Internacional passaram nomes como Madonna, Yoko Ono, The Flaming Lips ou Lauryn Hill. Mas as estrelas da noite de quarta-feira estavam bem identificadas nos cartazes de promoção do evento: "Com uma comunicação especial de integrantes das Pussy Riot."

Um dia antes – no primeiro dia da sua digressão pelos EUA, depois de terem passado pela Ásia e pela Europa –, Maria Aliokhina e Nadezhda Tolokonnikova já tinham sido estrelas no programa de televisão The Colbert Report, do homem que divide com Jon Stewart o título de rei da sátira política americana.

São raras as vezes em que os convidados têm pelo menos tanta piada como Stephen Colbert, mas Maria, e em particular Nadezhda, desarmaram o apresentador. "O que é que vocês fizeram para terem sido presas?", perguntou Colbert. A resposta marcou o início de uma conversa em que as duas jovens se esforçaram por vestir a nova pele de activistas pela libertação de prisioneiros, afastando-se do feminismo radical que deu origem às Pussy Riot: "Cantámos uma canção divertida numa igreja."

Esta nova versão de Maria e Nadezhda já provocou uma cisão no grupo punk. Num texto publicado no blogue oficial, seis integrantes das Pussy Riot, cujas identidades não são conhecidas, acusam as suas antigas companheiras de estarem a explorar indevidamente o nome da banda.

"Infelizmente para nós, elas estão agora envolvidas na questão das prisões russas e esqueceram-se completamente dos ideais do nosso grupo: feminismo e resistência contra o autoritarismo e o culto da personalidade."

O golpe final, dizem as seis Pussy Riot, foi o anúncio da participação de Maria e Nadezhda no concerto da Amnistia Internacional, agravado pelo facto de o cartaz oficial do evento incluir uma figura masculina: "Nunca vendemos bilhetes para espectáculos e as nossas intervenções são feitas de forma ilegal e em locais inesperados."
 

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