Ministério Público brasileiro pede a Portugal processo sobre rede de tráfico de mulheres

Segundo as autoridades do Brasil, o principal financiador da rede de tráfico era o empresário angolano Bento dos Santos Kangamba.

O Ministério Público Federal (MPF) brasileiro disse à agência Lusa ter solicitado a Lisboa o envio de uma cópia do processo criminal sobre uma rede internacional de tráfico de mulheres para Angola, Portugal, África do Sul e Áustria.

Antes de ser oficializado, o pedido do MPF precisa de ser julgado e autorizado pela Justiça Federal do Brasil.A partilha do processo, segundo o MPF, tem a intenção de que as autoridades portuguesas possam investigar separadamente supostos crimes que tenham ocorrido no seu território.

A investigação da polícia brasileira indica que a rede criminosa tinha sedes no Brasil e em Angola, e que os agenciadores levavam cerca de sete brasileiras por mês para se prostituírem nos países europeus e africanos, em troca de pagamentos entre dez mil dólares (7290 euros) e cem mil dólares (72,9 mil euros), que eram divididos entre as traficadas e os intermediários.

Pelo menos dez mulheres foram enviadas para Lisboa entre junhos de 2012 e Janeiro de 2013, segundo o MPF. Na capital portuguesa, a prostituição acontecia principalmente em hotéis de luxo.

As mulheres eram sempre acompanhadas por um membro da rede criminosa nas viagens, mas, na maioria das vezes, chegavam em voos separados.

Ainda segundo o MPF, o principal financiador da rede de tráfico era o empresário angolano Bento dos Santos Kangamba.

O suspeito contratava a viagem das mulheres traficadas para as cidades onde possui negócios, como Lisboa e Luanda, mas não lucrava com a prostituição, segundo o inquérito.

Já o núcleo brasileiro da rede e o outro suspeito angolano lucravam com o agenciamento da prostituição, informaram as autoridades.

De um pagamento de dez mil dólares (7290 euros), por exemplo, as mulheres traficadas ficavam com 4500 dólares (3300 euros).

Os cinco brasileiros envolvidos foram presos e os dois angolanos tiveram os seus nomes incluídos na “difusão vermelha” da Interpol.

Kangamba, sobrinho por afinidade do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, negou as acusações na última sexta-feira, segundo um despacho da agência angolana Angop, que cita fonte oficial não identificada, afirmando que não recebeu nenhuma notificação policial sobre o caso e que nunca “manteve quaisquer contactos nesse sentido com cidadãos dos países mencionados”.

Esta não é a primeira vez que o nome do empresário aparece nas páginas dos jornais internacionais, que o dão como envolvido em casos de polícia.

Em Junho, foi também notícia em França por envolvimento numa investigação em curso sobe a posse de elevadas quantias de dinheiro não declarado, e nesse mesmo mês foi também noticiado que comprou uma casa no mesmo condomínio privado do futebolista português Cristiano Ronaldo, em Madrid.

A Lusa tentou contactar o empresário, mas sem sucesso.

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