Gabrielle Giffords, baleada na cabeça, visita mercado de armas para apelar a que sejam controladas

Antiga congressista do Partido Democrata foi baleada na cabeça em 2011. Hoje, é um dos rostos da campanha pelo reforço do controlo da venda de armas, apesar de ela e o marido terem armas em casa.

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Giffords fez a visita acompanhada pelo marido, Mark Kelly (à dir.) e pelo procurador-geral de Nova Iorque, Eric Schneiderman Tim Roske/Reuters

A antiga congressista norte-americana Gabrielle Giffords, que foi baleada na cabeça em 2011, visitou no domingo um mercado de venda de armas no estado de Nova Iorque. Acompanhada pelo marido, o antigo astronauta Mark Kelly, Giffords conversou com os vendedores e fez um pequeno discurso de apelo ao reforço do controlo da venda de armas.

O objectivo do casal era avaliar de que forma estava a ser posto em prática um acordo voluntário para a verificação de antecedentes criminais a potenciais compradores de armas.

No início do ano, o estado de Nova Iorque aprovou uma legislação mais restritiva para a venda de armas, mas a lei federal isenta os eventos públicos destas verificações. Mas, por proposta do procurador-geral de Nova Iorque, Eric Schneiderman, os organizadores das feiras de venda de armas aceitaram realizar os chamados background checks, colmatando a lacuna da lei.

Gabrielle Giffords foi bem recebida, apesar de uma ou outra voz mais hostil, de acordo com o relato da Associated Press.

Num breve discurso de menos de um minuto (em resultado dos ferimentos que lhe foram inflingidos, a antiga congressista sofre de afasia, um distúrbio na formulação e compreensão da linguagem), Giffords apelou ao fim da violência com armas de fogo: "É preciso coragem para acabar com a violência. A coragem para fazer o que deve ser feito. A coragem de ter ideias novas."

"É hora de nos unirmos. Sejam responsáveis – democratas, republicanos, toda a gente. Nunca devemos deixar de lutar. Lutem, lutem, lutem! Sejam ousados. Sejam corajosos. O país conta convosco", concluiu Gabrielle Giffords, aplaudida pela maioria dos presentes.

Giffords e o marido, Mark Kelly, sempre se disseram defensores da Segunda Emenda da Constituição, que permite o uso e porte de armas aos cidadãos norte-americanos. E, durante a visita ao mercado, na cidade de Saratoga Springs, lembraram que eles próprios têm armas em casa.

Para o casal, a questão principal é a verificação dos antecedentes criminais e da capacidade psicológica dos potenciais compradores e o alargamento desta medida a todo o tipo de eventos ou transacções de armas.

"Neste Verão, a Gabby e eu fomos a sete estados em sete dias. Fomos a lojas de armas e falámos com pessoas que têm armas. Em todo o país, de New Hampshire ao Alasca", disse Mike Kelly.

Gabrielle Giffords foi atingida por uma bala na cabeça no dia 8 de Janeiro de 2011, quando se preparava para discursar num pequeno comício num parque de estacionamento na região de Tucson, no estado do Arizona.

Para além de ter ferido a antiga congressista com gravidade, o atirador Jared Lee Loughner – que confessou ter o objectivo de assassinar Giffords e foi condenado a prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional – matou seis pessoas, incluindo uma criança de nove anos, e feriu outras 12 pessoas. Foi-lhe diagnosticado uma esquizofrenia paranóide.

Apenas seis meses depois de ter sido baleada, Giffords foi recebida com uma ovação em pé pelos seus colegas do Partido Democrata e pelos opositores do Partido Republicano na Câmara dos Representantes. Em Janeiro de 2012, apresentou a sua resignação do Congresso, para se concentrar na recuperação física.
 

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