Twitter reforça regras contra abusos em resposta a ameaças de violação e morte

Polícia deteve duas pessoas por envolvimento em mensagens abusivas endereçadas a uma deputada, uma activista e três jornalistas.

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Caroline Criado-Perez foi uma das vítimas de ameaças DR
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O Twitter anunciou neste sábado o reforço das regras contra as mensagens abusivas, no final de uma semana marcada por ameaças de morte e violação contra uma deputada, uma activista e três jornalistas no Reino Unido.

"Actualizámos as regras do Twitter para tornar claro que não toleramos comportamentos abusivos. Queremos que as pessoas se sintam seguras no Twitter, e queremos que as regras enviem uma mensagem clara a todas as pessoas que pensavam que esse tipo de comportamento era aceitável", lê-se num texto assinado pela directora da área de segurança, Del Harvey, e pelo director do Twitter no Reino Unido, Tony Wang.

Para além da introdução de novas regras, os responsáveis anunciaram um conjunto de outras medidas para combater as mensagens de ódio e ameaças, como o reforço da área responsável por avaliar denúncias de abusos.

As mudanças no Twitter passam também pelo trabalho em conjunto com o Centro para uma Internet mais Segura do Reino Unido, "para expandir os recursos em termos de cidadania digital e segurança online".

O director do Twitter no Reino Unido, Tony Wang, apresentou também um pedido de desculpas "às mulheres que foram vítimas de abusos, por tudo o que passaram".

A recente vaga de ameaças através do Twitter começou na semana passada, com mensagens dirigidas a Caroline Criado-Perez, a feminista que defendeu a presença da imagem da escritora Jane Austen nas futuras notas britânicas.

Desde então, Criado-Perez e a deputada do Partido Trabalhista Stella Creasy – que se envolveu na mesma campanha – têm recebido inúmeras ameaças de violação. Para além destas ameaças, três jornalistas foram ameaçadas de morte: Hadley Freeman, do The Guardian; Grace Dent, do The Independent; e Catherine Mayer, da revista Time.

A deputada Stella Creasy respondeu neste sábado ao pedido de desculpas do director do Twitter no Reino Unido com um convite para "uma conversa sobre os próximos passos".

Numa reacção ao mesmo pedido de desculpas, a activista Caroline Criado-Perez lamentou que a empresa tenha "demorado uma semana a responder". E comentou outra das novidades anunciadas neste sábado pelo Twitter: o botão de denúncias presente na aplicação do Twitter para o iPhone vai ser incluído também no sistema operativo Android e em Twitter.com.

"O botão do Twitter para denunciar abusos na aplicação para o iPhone remete para o antigo formulário. O que nós queremos é a remodelação do sistema que está por trás desse botão", disse a activista à BBC.

"O processo actual é demorado, complicado e impossível de usar se estivermos debaixo de um ataque continuado, como eu estive. Neste momento, a ênfase está colocada no lado da vítima e não na obrigação do Twitter de identificar o abusador", lamentou Caroline Criado-Perez.

Apesar de as autoridades já terem detido duas pessoas por suspeitas da autoria das ameaças contra Criado-Perez e Creasy, o director-adjunto da Federação da Polícia de Inglaterra e País de Gales, Steve White, disse que estes casos são de difícil resolução para as autoridades. "As empresas que gerem estas plataformas devem começar a assumir responsabilidades. É como quando entramos numa loja – as lojas têm medidas de prevenção, como elementos de empresas de segurança. Acho que as redes sociais online devem reflectir muito bem sobre isto, para prevenirem que estas coisas aconteçam", disse o responsável no programa BBC Breakfast.
 

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