Piloto da Asiana aterrava pela primeira vez em São Francisco com um Boeing 777

Avião seguia a uma velocidade abaixo do normal e piloto terá pedido para abortar a aterragem pouco antes de se despenhar. Acidente fez dois mortos, mas suspeita-se que uma das vítimas tenha sido atropelada pelas equipas de resgate.

Peritos examinam o avião da Asiana que se despenhou em São Francisco
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Peritos examinam o avião da Asiana que se despenhou em São Francisco Reuters
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A maioria das mais de 300 pessoas que seguiam a bordo foram retiradas em segurança
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A maioria das mais de 300 pessoas que seguiam a bordo foram retiradas em segurança Ezra Shaw/Getty Images/AFP

Apesar de ser um veterano da transportadora aérea Asiana Airlines, Lee Kang-Kuk, de 46 anos, o piloto que estava aos comandos no Boeing 777 que se despenhou no sábado no aeroporto de São Francisco, nos Estados Unidos, ainda estava em fase de formação neste modelo. Esta era também a primeira vez que aterrava naquele aeroporto com o 777.

Além disso, o piloto terá tentado abortar a aterragem à última hora por supostamente voar a uma velocidade muito mais baixa do que a recomendada para se fazer à pista, indicam as últimas informações sobre o acidente.

No sábado, poucas horas após o acidente, a Asiana tinha adiantado que o piloto do avião era um veterano na companhia e um dos quatro pilotos que rodavam em turnos de duas pessoas neste voo de dez horas. Já no domingo, numa conferência de imprensa, o presidente da companhia da Coreia do Sul, Yoon Young-doo, tinha reforçado a ideia de que os pilotos responsáveis pelo voo que saiu de Seul eram muito experientes e que Lee tinha mais de 10 mil horas de voo.

Na mesma conferência, Yoon excluiu qualquer “falha mecânica ou nos motores” do 777, mas não rejeitou a hipótese de erro humano. Isto apesar de o aparelho, comprado em Março de 2006, ter sido reparado em Junho devido a fugas de óleo no motor, adianta a AFP.

10 mil horas de voo mas só 43 no Boeing 777
Porém, já nesta segunda-feira o porta-voz da Asiana, citado pelas agências internacionais, veio dizer que o piloto era de facto muito experiente, mas no que diz respeito ao Boeing 777 ainda estava em fase de formação, com apenas 43 horas de voo neste tipo de aparelho, sendo uma estreia no aeroporto de São Francisco onde já tinha aterrado 29 vezes mas com outros aviões. Contudo, Lee estaria acompanhado por um co-piloto que supervisionava o seu trabalho.

Inicialmente um dos passageiros que seguia no voo que se despenhou e que dizia conhecer muito bem o aeroporto de São Francisco tinha adiantado que o Boeing seguia muito mais baixo e mais depressa do que é normal. Contudo, segundo adianta a BBC, o grupo de investigadores norte-americanos que estão a analisar o acidente garantiram que o avião, pelo contrário, voava demasiado devagar na altura em que tentou aterrar.

A responsável pelo Departamento Nacional da Segurança dos Transportes dos Estados Unidos, Deborah Hersman, disse numa conferência de imprensa no final do dia de domingo que o avião seguia a uma velocidade bastante abaixo da planeada (254 quilómetros por hora).

As gravações do cockpit e os dados do voo indicam que dois segundos antes do impacto o piloto recebeu instruções para aumentar a velocidade. Hersman acrescentou que o piloto pediu para abortar a aterragem, mas entretanto já era demasiado tarde, e sublinhou que estas são apenas informações preliminares que carecem de dados adicionais.

Por outro lado, um porta-voz do aeroporto de São Francisco revelou que um dos instrumentos do sistema de aterragem do aeroporto não estava operacional no sábado. Mas, segundo a Reuters, pilotos e peritos em aviação garantem que essa funcionalidade de apoio à aterragem está longe de ser essencial quando está bom tempo, como era o caso de sábado. A Boeing também já se disponibilizou para colaborar e dar assistência técnica nas investigações relacionadas com as causas do acidente.

Morte de uma das vítimas investigada
No avião seguiam 291 passageiros e 16 pessoas da tripulação e o acidente fez dois mortos. Porém, está a ser investigado se uma das vítimas não morreu no acidente mas sim atropelada por uma das carrinhas de socorro que se deslocaram de imediato para o local – já que parte do avião começou a arder após o embate.

A bordo estavam 141 chineses (muitos deles estudantes que iam participar num campo de férias), 77 sul-coreanos, 61 norte-americanos e um japonês. A nacionalidade dos restantes passageiros não foi revelada. As duas vítimas mortais são duas adolescentes chinesas, nascidas em 1997 e 1996, avançou o Ministério dos Transportes da Coreia do Sul. Ambas iam sentadas na parte traseira do avião, revelou o presidente da Asiana. Há também mais de 100 feridos, sendo que pelo menos oito estão em estado grave.

Este acidente é o primeiro com vítimas mortais envolvendo o Boeing 777, um popular avião de longo curso que opera desde 1995, e o terceiro acidente fatal da companhia coreana, criada em 1988. Nos Estados Unidos, o último acidente com mortos em voos comerciais tinha ocorrido em 2009, quando um avião regional da Colgan Air se despenhou em Nova Iorque.

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