Portugal está a atingir os limites políticos da austeridade, diz o Financial Times

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A austeridade de Passos não está a resolver os problemas, diz o FT

O Financial Times (FT) escreveu nesta quarta-feira, num editorial publicado online, que Portugal está a "atingir os limites políticos da austeridade" e que, "qualquer que seja o resultado" da crise política, o programa de resgate está em risco.

Num editorial intitulado "As crises de política e de crescimento de Portugal", o Financial Times afirma que, apesar de Portugal e a Irlanda serem frequentemente considerados semelhantes entre os países periféricos, "os seus traumas respectivos são fundamentalmente diferentes".

"Portugal tem visto a sua base industrial erodir rapidamente nos anos recentes. O que sobra não é competitivo e a força laboral é pouco qualificada. A sua economia estava a estagnar uma década antes da crise. Não há garantia de que, mesmo se Lisboa cumprir as condições da troika [Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia], o crescimento retorne. Sem isso, a capacidade de Portugal alcançar níveis de dívida sustentáveis está em causa", lê-se no editorial do jornal financeiro.

Para o FT, "os credores de Portugal têm de perceber que o seu programa tem defeitos", mas considera que o facto de as necessidades de financiamento deste ano e parte das de 2014 estarem já supridas dá alguma margem de manobra ao país.

"Tanto os devedores como os credores devem usar este tempo para elaborar medidas que vão ajudar o país a construir uma plataforma para o crescimento futuro (...) Isto vai exigir coragem por parte dos políticos de Portugal", alerta o FT.

O editorial do Financial Times foi escrito hoje, um dia depois de Paulo Portas, líder do CDS-PP, se ter demitido do cargo de ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros.

Esta demissão surge depois de, na segunda-feira, Vítor Gaspar ter saído da pasta das Finanças, tendo sido substituído pela secretária de Estado Maria Luís Albuquerque.

Horas depois, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, anunciou que tenciona manter-se como primeiro-ministro, numa declaração ao país, em que disse ainda que não aceitou o pedido de demissão de Portas e comunicou a intenção de esclarecer as condições de apoio político ao Governo de coligação do PSD com o CDS-PP.

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