Trabalhadores dos estaleiros entre a satisfação e o receio com o fim da privatização

Trabalhadores dos ENVC querem ver garantidos postos de trabalho depois receberem a “boa notícia” do cancelamento da reprivatização.

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Notícia foi recebida com surpresa pela Comissão de Trabalhadores dos Estaleiros de Viana Foto: Paulo Ricca

O coordenador da Comissão de Trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) foi nesta quinta-feira cauteloso na reacção ao anúncio, pelo ministro da Defesa, do cancelamento do processo de reprivatização da empresa. Se por um lado António Costa considerou tratar-se de “uma boa notícia” por outro não escondeu a “preocupação” relativamente ao futuro dos 620 postos de trabalho face ao “modelo alternativo”: a subconcessão dos terrenos onde actualmente operam os ENVC, avançado por José Pedro Aguiar.

“Foi uma boa notícia. Ao longo destes últimos dois anos temos vindo a dizer ao Governo que esta é uma empresa estratégica, com futuro”, afirmou aos jornalistas o porta-voz dos trabalhadores. Numa espécie de conferência de imprensa improvisada, à porta da empresa de construção naval, António Costa adiantou mesmo que o Governo revelou “bom senso” e “visão estratégica” ao decidir encerrar “definitivamente” o processo de reprivatização.

No entanto, o responsável deixou também bem expressa a necessidade do Governo salvaguardar os postos de trabalho e adiantou que esse será, de resto, um dos assuntos “prioritários” que quer ver esclarecidos no encontro que irão manter com o ministro da Defesa. A reunião com os representantes dos trabalhadores e com o presidente da Câmara de Viana do Castelo foi anunciada por Aguiar Branco, na conferência de imprensa, no final da reunião do Conselho de Ministros. Os encontros ainda não estão marcados mas ao que tudo indica deverão ocorrer amanhã.

Nessa altura, António Costa e o autarca socialista José Maria Costa irão ficar a conhecer com detalhe, como garantiu Aguiar Branco, as intenções do Governo.

“Temos preocupação com o que possa vir a acontecer no futuro com os postos de trabalho. Vamos aguardar por explicações do senhor ministro”, sustentou o porta-voz dos trabalhadores.

António Costa adiantou ainda que a empresa “está em condições” para a iniciar a construção dos dois navios asfalteiros encomendados pela empresa Petróleos da Venezuela em 2010.

“Se o Ministério das Finanças criar as condições financeiras para disponibilizar as verbas que a Empordef já disse que necessitava para iniciar os navios é obvio que a empresa tem pequenas obras a fazer em termos de manutenção mas isso não é impedimento para iniciar a construção”, sustentou.

O ministro da Defesa anunciou esta quinta-feira o “início” da construção de dois navios asfalteiros para a Venezuela, contrato de 2010 no valor de 128 milhões de euros e que continua por concretizar. O Governo decidiu também abrir um concurso público internacional para a venda do ferry-boat Atlântida, encomendado por mais de 50 milhões de euros pelo Governo Regional dos Açores e rejeitado em 2009.

Contactado pelo PÚBLICO, o presidente da Câmara de Viana do Castelo, que foi informado logo pela manhã pelo ministro José Pedro Aguiar Branco da decisão do cancelamento da reprivatização da empresa escusou-se a prestar declarações. O socialista José Maria Costa remeteu uma posição sobre o assunto apara o final da reunião que irá manter com o ministro da Defesa para conhecer o novo modelo previsto para os estaleiros da cidade. O autarca admitiu estar “expectante” mas que “enquanto não tiver informações adicionais” não fará mais comentários sobre esta nova estratégia do Governo para os estaleiros.

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