Nicolas Sarkozy chamado a tribunal para acareação em caso de financiamento ilegal

Antigo Presidente francês já tinha sido ouvido durante 12 horas no âmbito da investigação do chamado caso Bettencourt, que envolve a herdeira do império cosmético L'óreal.

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Sarkozy está a ser interrogado devido a suspeitas sobre o financiamento da campanha da sua eleição em 2007 ADBULLAH DOMA/AFP

O ex-Presidente francês, Nicolas Sarkozy, foi chamado por um juiz de Bordéus para uma acareação com o antigo mordomo da milionária Liliane Bettencourt, a dona do império de cosmética L’oréal e mulher mais rica de França, cujo marido terá entregue vários envelopes de dinheiro para financiar – à margem da lei – a campanha eleitoral da UMP em 2007.

O objectivo do juiz Jean-Michel Gentil, que convocou o antigo Presidente, é estabelecer de uma vez por todas o número de vezes que Sarkozy visitou o casal Bettencourt na sua residência de Paris, no decurso da campanha. O político conservador alega que se encontrou com a herdeira da L’oréal uma única vez, mas vários funcionários de Bettencourt contrariaram essa informação em anteriores depoimentos.

O tribunal, que em Novembro ouviu Sarkozy num interrogatório que durou 12 horas, quer confrontar as memórias do antigo chefe de Estado com as do mordomo Pascal Bonnefoy. O antigo Presidente foi ouvido sob o estatuto de “testemunha assistente” do processo – na ordem jurídica francesa, corresponde a um meio termo entre simples testemunha e arguido.

A informação é pertinente para a investigação por financiamento partidário ilegal que corre desde que a antiga contabilista de Bettencourt, Claire Thibout, confirmou à polícia ter entregue vários envelopes com dinheiro a Patrice de Maistre, um homem de confiança da proprietária da L’óreal. Segundo a contabilista, esse dinheiro destinava-se ao tesoureiro do partido de Sarkozy, Eric Woerth, que depois foi também ministro do Orçamento.

Os investigadores estimam que cerca de quatro milhões de euros tenham chegado por essa via à campanha de reeleição do Presidente Sarkozy, numa clara violação da lei que estabelece limites às contribuições financeiras para partidos políticos.

Além disso, os investigadores consideram que o caso configura um abuso de confiança de uma pessoa enfraquecida pela doença: desde 2006 que Liliane Bettencourt não está na posse de todas as suas faculdades.

Segundo a AFP, mesmo que a acareação revele que Nicolas Sarkozy mentiu em anteriores depoimentos, tal poderá não ser considerado um “indício grave” e suficiente para demonstrar que o antigo Presidente se aproveitou da sua debilidade para exigir dinheiro para a sua campanha.

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