Louçã avisa que troika e Governo preparam mais cortes na função pública

Se insistir em ser cúmplice de uma política de cortes, o PS não merece o voto dos portugueses numa futura eleição legislativa. A afirmação é do ex-coordenador do BE, que também reconhece que há quadros no PS que querem uma inversão desta política de “desastre”.

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Louçã lamenta saída de Daniel Oliveira do BE Enric Vives-Rubio

Francisco Louçã, ex-coordenador do BE, disse esta sexta-feira, em entrevista à Antena 1, que o a troika e o Governo estão a preparar mais cortes nas pensões e que pretendem acabar com meio salário ou um salário inteiro na função pública.

“Todas as medidas recessivas que estão a ser discutidas com a troika agora – cortar mais nas pensões, voltar a reduzir mais meio mês ou um mês nos trabalhadores da função pública ou baixar os salários por via do aumento de impostos ­– só têm um caminho e só têm uma consequência, que é aumentar a recessão”, afirmou o economista e dirigente do Bloco.

Numa entrevista em que falou também da necessidade de a esquerda unir esforços e se “compôr”, Louçã alertou que “o povo não fica a ver que filme os partidos fazem e um partido que quer representar a troika não pode governar". Nessa lógica, elegeu o movimento Que se Lixe a Troika como o maior movimento de cidadãos em Portugal e aquele que tem a mensagem política mais clara, ao mesmo tempo que elogiou Mário Soares por defender a demissão do Governo e saber ler as manifestações da sociedade civil.

Segundo Louçã, há um PS contra a troika e esse "quer corrigir o desastre, não a actual direcção" dos socialistas. Sobre eventuais alianças à esquerda, acredita que só é possível haver convergência entre aqueles que "aceitarem uma economia contra a troika". E deixa até um aviso ao PS, ao afirmar que se insistir numa política de cortes, "não merece o voto dos portugueses".

Sobre a vida interna do partido, Louçã lamenta a saída de Daniel Oliveira do BE, anunciada pelo próprio esta semana, classificando-a, "evidentemente", como "uma perda". Elogiou o “contributo notável” que Daniel Oliveira deu ao partido desde a sua fundação em 1999. Mas escusou-se a mais comentários, nomeadamente porque considera que a carta de despedida, em que Oliveira enumera as razões para abandonar o BE, tem “um tom de pequenos ajustes de contas pessoais”, pelo que “tudo isso é triste, tudo isso é pequeno”.

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