Bersani garante que "não existirá nunca" coligação com Berlusconi

Ex-primeiro-ministro, visado por novas acusações, convoca manifestação contra a magistratura, que considera "cancro da democracia".

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Bersani promete "Governo da mudança" Tony Gentile/REUTERS

Pier Luigi Bersani, líder do centro-esquerda em Itália, exclui a possibilidade de fazer uma grande coligação com o bloco político do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi

“Quero dizê-lo claramente: a ideia de uma grande coligação não existe e não existirá nunca”, disse Bersani numa entrevista publicada esta sexta-feira pelo diário La Repubblica.

O líder do Partido Democrático, de centro-esquerda, o mais votado nas eleições para a Câmara dos Deputados, mas que não tem maioria no Senado, já tinha excluído uma coligação com o Povo da Liberdade, de Berlusconi, mas agora foi peremptório.

Bersani está a pensar formar governo e disse que vai apresentar uma agenda de sete ou oito pontos ao Presidente, Giorgio Napolitano, quando este iniciar as consultas para a constituição do executivo. Questionado sobre se será um governo minoritário, disse: “Chame-lhe o que quiser. Para mim é o Governo da mudança”.

O líder do centro-esquerda não respondeu directamente a questões sobre o papel do Movimento 5 Estrelas, do comediante Beppe Grillo, que conseguiu cerca de um quarto dos votos. As eleições de domingo e segunda-feira em Itália criaram um cenário de difícil governabilidade.

Berlusconi, antigo primeiro-ministro, anunciou entretanto esta sexta-feira uma manifestação contra o que chama “magistratura politizada” e “cancro da democracia”. 

O ex-primeiro-ministro falava em Milão, onde, no tribunal de apelo, se declarou inocente da acusação de fraude fiscal, que lhe é imputada no quadro do processo Mediaset. “Sou totalmente estranho aos factos que me são atribuídos”, afirmou. E, finalmente, anunciou: “Estas acusações levar-nos-ão à rua a 23 de de Março”. 

O Cavaliere foi condenado a 26 de Outubro, na primeira instância, a quatro anos de prisão, reduzidos a um ano devido a uma lei de amnistia.

Na quinta-feira, foi também revelado um novo caso envolvendo Berlusconi. Está a ser investigado por suspeita de crime de corrupção e vai ser ouvido em tribunal pela acusação de “comprar” um senador. O líder do Povo da Liberdade já foi investigado em quase três dezenas de casos judiciais, que acabaram quase sempre em absolvições ou prescrições, mas esta é a primeira vez que é acusado de corrupção de um político.
 

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