Nova investigação contra Berlusconi, acusado de "comprar" um político

O segundo mais votado nas eleições desta semana está de novo na mira da justiça. Presidente Napolitano avisa que a Itália não pode ser "apressada" a formar um novo Governo.

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Apesar dos escândalos e dos processos na justiça, Berlusconi ficou em segundo lugar nas eleições Stefano Rellandini/REUTERS

A justiça italiana abriu um novo inquérito por corrupção contra o antigo chefe de Governo Silvio Berlusconi, que é suspeito de ter “comprado” há alguns anos um senador que, na altura, pertencia à oposição de esquerda.

“Silvio Berlusconi está a ser investigado por corrupção em Nápoles num caso que diz respeito à 'compra' de senadores. Segundo a tese da acusação, ele terá pago três milhões de euros ao senador De Gregório”, escreve o diário La Repubblica na sua edição online.

O caso remonta às legislativas de 2006, que foram ganhas à justa pela coligação de esquerda dirigida por Romano Prodi, que ficou apenas com meia dúzia de votos a mais do que Berlusconi no Senado.

Poucos meses depois das eleições, Sergio De Gregorio, um dos senadores eleitos por um dos partidos da coligação de Prodi, deixa a sua bancada e muda-se de armas e bagagens para o campo de Berlusconi, acelerando a queda do Governo de esquerda, que se desmorona em 2008, menos de dois anos depois das eleições.

A processo de inquérito é da competência do Ministério Público de Nápoles (Sul), porque Sergio De Gregorio foi eleito nesta circunscrição.

Segundo o Corriere della Sera, dois magistrados de Nápoles e três magistrados da direcção regional anti-máfia estão encarregues deste caso.

Berlusconi já foi acusado várias vezes pelos seus adversários políticos de ter “comprado” votos, deputados ou senadores, mas é a primeira vez que está oficialmente a ser investigado por um caso concreto de corrupção de um político.

O partido de Berlusconi, Povo da Liberdade, divulgou uma declaração do secretário-geral Angelino Alfano, que diz que “a agressão dos magistrados contra Silvio Berlusconi está a começar outra vez”. E, para responder a essa agressão, Alfano anunciou que o seu partido vai organizar uma manifestação para “defender a soberania do Povo da Liberdade e da democracia italiana”.

A notícia de uma nova investigação ao Il Cavaliere surge poucos dias depois de umas eleições que deixaram Itália em situação de “empate técnico”. A coligação de centro-esquerda de Pier Luigi Bersani venceu por curta margem, logo seguida pelo bloco de direita de Berlusconi.

A entrada em grande na cena política italiana do Movimento 5 Estrelas, do comediante antipartidos Beppe Grillo, veio deixar tudo mais complicado, com os jornais italianos a falarem de um país “ingovernável” após as eleições de domingo e segunda-feira. Grilo já avisou que não dará o seu voto de confiança a nenhum Governo, seja ele liderado por Bersani ou por Berlusconi.

De Berlim, onde está a realizar uma visita oficial, o Presidente italiano Georgio Napolitano avisou a Europa e os mercados financeiros de que a formação de um novo Governo em Itália não pode ser apressada só porque existem “ temores infundados” de que a situação italiana é uma ameaça para a estabilidade na Europa.

Napolitano explicou aos jornalistas que a Constituição italiana prevê um período de 20 dias entre o acto eleitoral e a inauguração do parlamento saído do escrutínio. “Não vejo como o processo possa ser acelerado. Mas é importante dizer que Itália não está sem Governo, há um Governo em exercício até que outro tome formalmente posse”, disse o Presidente. “Itália não é um risco de contágio para ninguém”.
 
 
 
 
 

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