Católica lança laboratório de investigação que vai estudar compras no retalho

Laboratório terá área que simula um supermercado, com prateleiras, carrinhos, caixa registadora e câmaras para monitorizar participantes dos estudos.

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O laboratório pretende monitorizar o comportamento no retalho, nomeadamente medir o tempo dos participantes nas compras João Henriques

A Católica lançou nesta terça-feira um laboratório de investigação experimental (LERNE), que estuda o comportamento dos consumidores, com um espaço de retalho no qual as compras são monitorizadas ao segundo, e reforça a ligação entre a universidade e as empresas.

“Esta é uma área de investigação experimental”, na qual existe uma zona com espaços individuais “onde podemos aferir todas as características dos participantes, a manipulação de determinados tipos de comportamentos”, explicou à Lusa a coordenadora do laboratório, Rita Coelho do Vale.

Além disso, “completámos [o espaço do laboratório] com uma área de retalho que vai permitir realizar estudos de investigação, como ainda nos vai permitir responder a algumas necessidades da parte das empresas e dar respostas muito concretas a nível de preços, lay-out ou promoções”, explicou.

Além da zona de investigação, o laboratório tem uma área que simula um supermercado, com prateleiras, carrinhos, caixa registadora, com câmaras em toda a zona, que permite monitorizar os participantes dos estudos ao segundo, ou seja, quanto tempo levam a escolher determinado produto, a realizar as compras e quanto tempo demoram em determinada secção.

“Temos hipótese de monitorizar o comportamento no retalho, medir o tempo, a lista final de compras e estudar isso em função do estímulo”, acrescentou.

“O nosso espaço de retalho é único”, disse o director da Católica Lisbon, Francisco Veloso, que explicou que a sua criação teve como objectivo “criar aqui uma dimensão inovadora”.

Francisco Veloso sublinhou que “este laboratório é muito importante porque, para fazer investigação na área de fronteira do marketing, de comportamento do consumidor, em particular, é preciso ter este tipo de laboratórios”.

O estudo do consumidor “requer que criemos condições e manipulemos os comportamentos das pessoas e, para isso, é preciso haver um ambiente laboratorial”, já que todos os professores internacionais destacam a importância de um espaço como este para se realizarem investigações que depois são publicadas em jornais científicos.

“A aposta que a escola fez reflecte a aposta na investigação de fronteira e o esforço muito grande” de ligação ao mundo empresarial, adiantou o director da Católica Lisbon. “Este laboratório existe apenas nas universidades de vanguarda, apenas as muito boas universidades têm laboratório”, adiantou Francisco Veloso, dando os exemplos do MIT ou do Carnegie Mellon.

Questionado sobre o investimento no LERNE, Francisco Veloso disse apenas que foram “dezenas de milhares de euros” em software, computadores, entre outros. Foi “um investimento significativo, tivemos um antigo aluno que contribuiu generosamente”, mas que pediu para se manter no anonimato, explicou Francisco Veloso. Esta contribuição, adiantou, “é um excelente exemplo da ligação [entre a universidade] e os antigos alunos”.

Sobre o painel do estudo, Rita Coelho do Vale explicou que existem dois: um clássico, que conta com cerca de 700 alunos, e um segundo, que está a ser criado para a área dos compradores. Este último permite “retirar dados mais específicos na área do retalho”, adiantou a docente.

Quanto ao tempo que levou a concretizar este laboratório e a zona de retalho, Rita Coelho do Vale explicou que a ideia começou há quatro anos, mas que, no terreno, com o conceito concebido, o tempo foi de cerca de dois anos. “Foi um trabalho de parto árduo”, concluiu.
 

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