Jovem violada num autocarro em Deli transferida para hospital de Singapura

Manifestantes na capital da Índia exigem "justiça para as mulheres". Governo anunciou duas comissões de inquérito e reforçou a segurança em Nova Deli.

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Protestos esta quinta-feira em Nova Deli AFP
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Também em Caxemira decorreu uma manifestação AFP
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Polícias em estado de alerta depois de ter morrido um agente na segunda-feira AFP
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Mulheres polícias em estado de alerta nas ruas da capital AFP

A jovem de 23 anos que foi violentamente atacada e violada por um grupo de homens num autocarro de Nova Deli, foi transferida para um hospital de Singapura especializada em transplantes de órgãos.

Segundo confirmou o Hospital Mount Elizabeth, em Singapura, a jovem encontra-se internada na unidade de cuidados intensivos em estado “extremamente crítico”, com lesões severas no abdómen e intestinos.

Antes de viajar, foi submetida a três intervenções cirúrgicas. Uma fonte hospitalar de Nova Deli disse que foi o Governo que cuidou da transferência da jovem para Singapura, “com base na opinião e recomendações da equipa médica” responsável pelo seu tratamento.

O caso da jovem estudante, que seguia no autocarro com um amigo, quando ambos foram atacados por um grupo de homens, gerou uma onda de indignação na Índia, onde o tema da agressão sexual é tabu e muitos crimes de violência contra mulheres nunca são denunciados.

O incidente aconteceu no passado dia 16. A estudante e um amigo regressavam a casa depois de terem ido ao cinema. Entraram num autocarro na zona de Munirka, com destino ao bairro de Dwarka, no Sudoeste de Deli, e foram atacados por seis homens que iam a bordo. Segundo a polícia, a jovem foi repetidamente violada durante quase uma hora. Os dois jovens foram depois espancados com barras de ferro e atirados do autocarro em andamento.

Uma nova manifestação foi convocada para esta quinta-feira para as ruas da capital, onde a segurança foi reforçada depois de um protesto na segunda-feira ter terminado em violência. Um polícia morreu durante a manifestação – a autópsia determinará se sofreu um ataque cardíaco ou foi atingido pelos manifestantes.

Quarta-feira, cerca de 200 crianças e professores concentraram-se no centro de Deli para manifestar o seu repúdio pelo ataque contra a estudante e gritar palavras de ordem contra o Governo.

A marcha desta quinta-feira reclama “Justiça para as Mulheres”. Em entrevista à cadeia Al-Jazira, os organizadores disseram que se trata de uma iniciativa pacífica e “apolítica” e não tem como intenção provocar o Governo ou desafiar as autoridades – que instalaram bloqueios em várias artérias da cidade e restringiram a circulação.

Homens detidos
Os seis homens alegadamente responsáveis pelo ataque foram detidos e dois agentes da polícia estão suspensos. De acordo com fontes judiciais, os indivíduos estão acusados dos crimes de violação e homicídio na forma tentada, podendo incorrer numa pena de prisão perpétua. Nas ruas, os manifestantes reclamaram a pena de morte para os violadores.

O Governo indiano anunciou a abertura de um inquérito, supervisionado pelo juiz aposentado Usha Mehra, para apurar os “possíveis lapsos por parte da polícia ou qualquer outra autoridade ou pessoa que possa ter contribuído para a ocorrência e assacar responsabilidades pelos lapsos ou negligência”, explicou o ministro das Finanças e porta-voz do Governo, Chidambaram Palaniappan.

Um segundo painel de inquérito foi constituído para avaliar as leis existentes e “sugerir as mudanças necessárias na legislação para ajustar a punição para estes crimes horríficos”.

As autoridades também avançaram com medidas de emergência destinadas a garantir a segurança das mulheres que viajam nos transportes públicos ou nas ruas de Deli, nomeadamente o reforço das patrulhas policiais nocturnas ou a proibição de cortinados ou vidros fumados nos autocarros.

 “A segurança das mulheres é uma grande preocupação do nosso Governo, e por isso lançamos uma comissão de inquérito para apurar o que se passou na capital”, declarou o primeiro-ministro, Manmohan Singh, lamentando os ataques que acontecem “em todas as províncias e regiões” do país e que “exigem maior atenção por parte dos dirigentes locais e nacionais”.
 
 

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