Mais de 60% dos portugueses qualificados criaram um novo produto nos últimos três anos

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Portugueses entre os mais inovadores, revela estudo que será apresentado na Católica Pedro Cunha

Estudo revela que 18% dos que inovam em Portugal fazem-no para resolver um problema individual, mais do que no Reino Unido e nos Países Baixos.

Entre os portugueses com níveis superiores de educação há uma veia empreendedora. Um estudo inédito feito por investigadores da escola de gestão da Católica, em colaboração com o MIT e o Ministério da Educação e Ciência, revela que 61% dos inquiridos desenvolveram um novo produto ou serviço nos últimos três anos e 18% fizeram-no enquanto utilizadores, ou seja, inovaram com o objectivo de usar o novo produto e não para o comercializar.

É o resultado mais elevado quando comparado com estudos semelhantes feitos no Reino Unido e nos Países Baixos, onde a percentagem de “inovadores utilizadores” se situa nos 15,4%. Entre o grupo de inquiridos que criou um produto para responder a uma necessidade, 18% usaram um mecanismo de protecção da propriedade intelectual para defender a invenção.

Os resultados da investigação vão ser apresentados esta quinta-feira, ao final do dia, num seminário sobre inovação de utilizador que conta com a participação de Eric von Hippel, professor do MIT e um dos mais influentes autores nesta área. Pedro Oliveira, professor na Católica que coordenou o estudo, explica que a amostra de inquiridos usada para este trabalho inclui pessoas com licenciatura e doutoramentos e é mais qualificada do que a amostra do Reino Unido ou Países Baixos. Quanto mais formação, maior propensão para inovar.

“Nunca houve uma percentagem de utilizadores-inovadores tão grande como a nossa, mas também nunca houve uma amostra tão bem qualificada”, afirma. Foram validadas 2400 respostas.

As áreas onde há mais inovação são a tecnologia da saúde e tecnologia da informação. “Há também muitas inovações para a casa, para resolver problemas específicos”, conta Pedro Oliveira.

Saber o grau de inovação de um país ajuda a direccionar políticas e, para o investigador português, pode ter implicações na forma como se ensina. “Ensinar para a criatividade e levar as pessoas a experimentar é muito importante”, defende.

Portugal terá em breve uma escala que permite medir a capacidade inovadora dos indivíduos e que está a ser desenvolvida por Ruth Stock-Homburg, da Tecnishe Universität Darmstadt. A ferramenta, que também está a ser desenvolvida na Alemanha, permite medir e corrigir o grau de inovação do utilizador.

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