PS indignado com reuniões entre Governo e FMI sobre reforma do Estado

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Fonte do Governo diz que reuniões com o FMI são para preparar sexta revisão do programa de ajustamento Foto: Miguel Manso

O deputado socialista Pedro Marques manifestou hoje “indignação” por técnicos do FMI estarem a estudar cortes na despesa pública, que inclui as “funções sociais do Estado”. O convite para o diálogo feito pelo Governo ao PS é “uma farsa”, acrescentou.

“É uma farsa com um mau guião. O Governo diz que quer convidar o PS para um diálogo sério e afinal sabemos que já estão em Portugal os técnicos do FMI e até se conhecem com detalhe áreas onde cortar a despesa, que, na grande maioria têm a ver com cortes nas funções sociais do Estado”, disse Pedro Marques à Lusa.

O deputado socialista referiu-se à informação veiculada pelo ex-presidente do PSD Luís Marques Mendes, na TVI24, na quarta-feira à noite, de que o Governo está a preparar a reforma do Estado anunciada pelo primeiro-ministro com técnicos do Fundo Monetário Internacional (FMI) que já estão em Portugal, tendo tido reuniões nos ministérios da Administração Interna e Defesa.

Já hoje, um membro do Governo confirmou à Lusa que o Governo começou há uma semana um conjunto de reuniões com alguns técnicos do FMI para preparar a reforma do Estado.

“Estão a ser realizadas reuniões com os ministérios para análise das principais áreas de despesa e para perceção do que pode ser feito em matéria de reformas”, explicou fonte governamental. Trata-se, segundo explicou, de “uma missão técnica preparatória para a sexta revisão do programa de ajustamento, sobretudo para recolha de informação e realização de um primeiro diagnóstico sobre a composição da despesa pública”, que se iniciou há uma semana.

Reforma deve incluir concessões a privados
Na TVI 24, Marques Mendes disse que a reforma vai passar por várias concessões a privados, dando como exemplos as florestas, centros de saúde e os transportes públicos, pela mobilidade especial da função pública e com mais pagamentos por parte dos portugueses na saúde e na educação.

O ex-presidente do PSD deu mesmo alguns números sobre os cortes na despesa que vão ser feitos com esta reforma do Estado. No total serão 4 mil milhões de euros: 500 milhões na defesa, justiça e segurança e 3.500 mil milhões na segurança social, saúde e educação.

“É mais do mesmo mas provoca sempre grande indignação”, disse Pedro Marques. Para o deputado socialista, perante um “Orçamento do Estado que já estava derrotado junto dos portugueses, o Governo tentou agora uma fuga para a frente e transformou um corte na despesa numa suposta refundação do memorando”.

“Estão a estão a tentar chamar o PS a esta encenação, muito tarde, quando, afinal já definiram os principais termos dessa encenação. Tudo isto é uma forma de fugir da discussão do Orçamento do Estado e tentar colocar o PS numa atitude de radicalização”, sustentou.

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