Já são três os linces atropelados em menos de uma semana na Andaluzia

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Um dos sinais instalados junto a Doñana Pedro Cunha

Um lince-ibérico de seis meses de idade foi encontrado atropelado nesta sexta-feira numa estrada de Córdova. Este é já o terceiro animal morto em menos de uma semana numa das zonas onde se está a fazer a reintrodução da espécie.

O animal encontrado ao quilómetro 372 da estrada Nacional 502, entre Espiel e Alcaracejos, é uma fêmea de seis meses de idade, segundo a Junta da Andaluzia, citada nesta sexta-feira pelo jornal Diario de Sevilha.

Os funcionários de manutenção da estrada avisaram a Guardia Civil que retirou o cadáver da via. O animal foi depois recolhido pelo veterinário do programa LIFE para a conservação e recuperação da espécie, criticamente ameaçada de extinção na lista vermelha da União Internacional de Conservação da Natureza (UICN). Agora, o cadáver está no Centro de Análises e Diagnóstico da Junta de Andaluzia para a realização de uma necropsia.

Este foi o terceiro lince encontrado morto em menos de uma semana. Dois linces foram encontrados mortos no domingo e segunda-feira na região de Córdova, nas estradas N-420 e A-421. Um deles também era uma fêmea de seis meses de idade.

Depois do terceiro animal atropelado, a organização WWF espanhola pediu esta sexta-feira à Junta de Andaluzia e ao Ministério do Fomento – responsável pela rede viária do país - uma reunião urgente para “analisar a dramática situação e exigir medidas oportunas”. Para a WWF, “é inadmissível que continue este rol de mortes numa nova população que se encontra em expansão e que é um dos bastiões para a recolonização de novas terras por esta espécie”.

Luis Suárez, responsável do programa de espécies da WWF, pede que se “analise imediatamente a situação das estradas a Norte da província de Córdova e que seja concretizado um plano de melhorias para travar a mortalidade de linces”.

Medidas em estudo

Na última década morreram atropelados 30 linces nas estradas da Andaluzia, a única região do planeta onde vive o lince-ibérico (Lynx pardinus). Segundo o censo de 2011, existiam 312 animais (dos quais 76 fêmeas e 86 crias), divididos pelas populações da Serra Morena, Doñana e nas duas novas zonas de reintrodução - Guadalmellato (2009) e Guarrizas (2010). Em cada uma destas regiões foram libertados entre Janeiro e Fevereiro seis linces.

“Neste momento estamos a trabalhar com os responsáveis pelas estradas locais, nacionais e auto-estradas para estabelecer medidas semelhantes às que aplicámos na zona de Doñana, nas zonas que possam vir a ter mais problemas” nas áreas novas para o lince, disse ao PÚBLICO Miguel Angel Simon, director ibérico do projecto LIFE Iberlince e director do plano de recuperação do lince na Andaluzia.

Nos últimos anos, a Junta identificou os “pontos quentes” das estradas junto a Doñana e construiu passagens subterrâneas e ecodutos (passagens elevadas), instalou sinalização e várias limitações de velocidade. Tudo isso fez com que “o número de atropelamentos nas zonas históricas de ocorrência de lince tenha diminuído de forma drástica”, considerou.

Mas estes acidentes estão a acontecer em zonas que começam recentemente a ser exploradas pelos linces. “Estamos a levantar todos os dados das estradas que atravessem as áreas de reintrodução, para definir medidas que impeçam os atropelamentos”, acrescentou Miguel Angel Simon.

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