PS exige demissão de Nogueira Leite da CGD

O PS exigiu hoje a demissão do vice-presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) António Nogueira Leite, considerando “imorais” as suas declarações na rede social Facebook.

Numa crítica às novas medidas de austeridade anunciadas na sexta-feira pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, Nogueira Leite afirmou hoje, no Facebook, que, se em 2013 o obrigarem a trabalhar mais de sete meses para o Estado, “pira-se”.

“Se em 2013 me obrigarem a trabalhar mais de sete meses só para o Estado, palavra de honra que me piro, uma vez que imagino que, quando chegar a altura de me reformar, já nada haverá para distribuir, sendo que preciso de me acautelar”, disse, numa mensagem reproduzida na imprensa diária.

À agência Lusa, o deputado do PS José Junqueiro considerou as declarações “surpreendentes e imorais”, uma vez proferidas por um detentor de um alto cargo público, “que tem um vencimento milionário” e “está a fazer pouco de quem está desempregado ou de quem ganha o salário mínimo, ou dos funcionários e dos reformados a quem confiscaram salários”.

Para o parlamentar, “tem que haver uma decisão muito rápida” quanto ao futuro na CGD de Nogueira Leite, “que se queixa dos impostos e se quer furtar, sob palavra de honra, ao pagamento de mais impostos”, sendo “ele próprio co-autor destas políticas”: demitir-se ou ser demitido.

“Ou Nogueira Leite se demite e faz o exercício de decência, ou o Governo vai ter que o demitir, porque é insuportável que o Estado tenha sido ‘assaltado’ por pessoas deste género, que se recusam com ordenados milionários a participar no esforço que é exigido a todos os portugueses”, sentenciou José Junqueiro.

António Nogueira Leite, antigo conselheiro económico de Pedro Passos Coelho, é um dos vice-presidentes da Comissão Executiva da CGD e vogal do Conselho de Administração da instituição bancária pública.

As suas declarações foram conhecidas horas antes de o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, ter anunciado um novo pacote de medidas de austeridade, nomeadamente a redução das reformas acima de 1.500 euros, a diminuição dos escalões do IRS, implicando um acréscimo do pagamento médio dos cidadãos, e o aumento de tributação dos imóveis considerados de luxo (acima de um milhão de euros).

Na sexta-feira, Pedro Passos Coelho já tinha anunciado mais medidas de austeridade para 2013, que abrangem os trabalhadores do sector privado, os quais, na prática, perderão o que alega corresponder a um subsídio através do aumento da contribuição para a Segurança Social de 11 para 18 por cento.

Os funcionários públicos continuam com um dos subsídios suspensos (na totalidade nos rendimentos acima dos 1.100 euros/mensais e parcialmente acima dos 600 euros), sendo que o outro é reposto de forma diluída nos 12 salários e depois retirado através do aumento da contribuição para a Segurança Social.

A contribuição social das empresas diminui, em contrapartida, de 23,75 para 18 por cento. Os pensionistas continuam sem subsídios de Natal e de férias.

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