Chevron suspende produção petrolífera no Brasil depois de nova fuga

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A produção petrolífera da Chevron no Brasil está concentrada na Bacia de Campos Mario Tama/AFP

O gigante petrolífero norte-americano Chevron anunciou nesta quinta-feira que vai suspender temporariamente toda a sua produção no Brasil por causa de uma nova fuga de petróleo nas suas plataformas ao largo do Rio de Janeiro.

A petrolífera identificou uma pequena mancha de petróleo a 4 de Março mas só a 13 de Março conseguiu detectar a origem da fuga, no campo de Frade, na Bacia de Campos, a 370 quilómetros das costas do Rio de Janeiro. É aí que está concentrada toda a produção petrolífera da Chevron no Brasil e o campo de Frade tem uma produção diária de 61.500 barris.

“Passámos vários dias sem conseguir determinar a origem exacta da fuga”, disse o director da Chevron Brasil, Rafael Jaen Williamson. “O local foi identificado a três quilómetros a Este do local da primeira fuga [detectada a 9 de Novembro], a cerca de 1300 metros de profundidade”, disse o engenheiro de instalações da empresa, Mauro Pagan.

A empresa afirma ter realizado uma dispersão mecânica da mancha de petróleo e, de momento, já não é visível à superfície. Agora, o próximo passo é averiguar as causas desta fuga. O jornal O Globo avança que a fuga foi provocada por uma fissura de 800 metros de extensão e afundamento do solo marítimo.

A Chevron Brasil já pediu autorização à Agência Nacional de Petróleo (ANP) para suspender, provisoriamente, a sua actividade no campo petrolífero de Frade. “A decisão de suspender temporariamente a produção foi tomada por precaução, em virtude do novo afloramento de óleo e o rebaixamento do terreno”, disse Jaen, citado pelo jornal.

O mesmo campo petrolífero foi palco de uma outra fuga, a 9 de Novembro, equivalente a 3000 barris. A 14 de Dezembro, a Procuradoria-Geral brasileira pediu à Justiça para suspender todas as actividades da empresa no Brasil e para lhe infligir uma multa de 8500 milhões de euros.

Hoje, o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, disse ao O Globo que faltou transparência por parte da empresa no primeiro acidente, em Novembro, em relação à sua real dimensão. Quanto a esta fuga, as informações ainda não são suficientes. “Não está claro se é um novo derrame ou um rescaldo daquele do ano passado. Já tínhamos advertido que o vazamento na Bacia de Campos não tinha sido completamente resolvido. Além disso, a causa do acidente não foi completamente esclarecida. Naquela época, a Chevron foi informada que havia uma fissura no fundo do mar. A empresa fez o encapsulamento de apenas parte da fissura, quando o correcto era tê-lo feito em toda a área”, disse Carlos Minc.

Actualmente, a Chevron explora 3,6% do petróleo produzido no Brasil (80.425 barris por dia) e 1% do gás natural, segundo números oficiais. O gigante norte-americano começou as suas actividades na bacia de Campos, perto do Rio, em 1997 quando o Brasil abriu as portas do sector petrolífero aos investimentos estrangeiros.

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