A paralisação dos transportes e o corte da Fitch na imprensa internacional

Foto
A greve foi acompanhada pelos jornais internacionais Enric Vives-Rubio/arquivo

Muitos franceses não puderam entender o que dizia no cartaz da fotografia publicada na edição online do Le Monde, “Não somos números nem ovelhas”, mas o título não podia ser mais esclarecedor. “Greve générale au Portugal contra l’austerité”. No site da BBC a estação britânica também contou que “Portugal foi atingido por uma greve geral contra as medidas de austeridade” e do outro lado do Atlântico o destaque da CNN foi para os voos de Portugal que ficaram em terra. Das agências noticiosas à imprensa generalista e económica, a greve em Portugal foi notícia em todo o mundo.

O Le Monde contou que “os transportes públicos foram fortemente perturbados e alguns pararam por completo” e lembrou que esta foi a sétima greve geral em Portugal desde o 25 de Abril de 1974. Em Espanha, o El País destacou a greve como notícia principal da secção internacional do seu site, num artigo com o título “A greve em Portugal paralisa o sector público e os transportes” em que referiu que “Lisboa amanheceu sem metro, com o aeroporto inutilizado, com centenas de voos paralisados, sem comboios nem barcos e com os autocarros a funcionar a meio gás”. Mas o diário espanhol referiu também que o ex-presidente Mário Soares “lançou um manifesto contra os cortes” e publicou uma reportagem do correspondente em Lisboa.

No espanhol El Mundo, uma fotografia de autocarros dos Serviços de Transportes Colectivos do Porto onde em vez do destino se lia “fora de serviço” ilustrou o artigo “A greve geral em Portugal contra os cortes paralisa os transportes públicos”. O secretário-geral da CGTP Carvalho da Silva é citado a dizer que a greve está a decorrer “com moderação”, o destaque foi para os transportes mas também para as previsões que dizem que a economia de Portugal “cairá cerca de 3% em 2012”. Um outro artigo é dedicado ao corte do rating português pela Fitch, de BBB- para BB+, “o que abre a porta a mais cortes de qualificação a médio prazo”.

A BBC sublinhou também a paralisação dos transportes públicos. “Os controladores de tráfico aéreo e os trabalhadores do metro foram os primeiros a entrar em greve na noite de quarta-feira”. E adiantou: “A estes juntaram-se centenas de milhares de outros trabalhadores, incluindo professores e funcionários de hospitais”. A par da greve é salientada a descida de rating da Fitch.

Ao início do dia (em Portugal), o Washington Post dizia na sua edição online que “No meio da revolta contra a austeridade, a greve geral em Portugal deverá atingir os serviços públicos e os transportes”. O diário norte-americano referiu a ajuda internacional de 78 mil milhões de euros a Portugal, os cortes nos subsídios de Natal e férias, o desemprego “superior a 12,4% com perspectivas de aumentar”.

O corte no rating anunciado pela Fitch a meio da manhã levou alguns jornais a juntar os dois temas: a classificação da agência e a greve. “Portugal atingido por ‘downgrade’ e greve” foi o título do Wall Street Journal. Um “duplo golpe”, adiantou o diário norte-americano, que acabou por relegar a greve para segundo plano em relação à decisão da agência de rating. De manhã, o Journal tinha já dado conta de “escolas fechadas, serviços de urgência a funcionar nos mínimos” em Portugal e o trânsito “maior do que o habitual”.

Entre a imprensa económica, também o Financial Times noticiou a “Greve dos sindicatos enquanto a Fitch faz o ‘downgrade’ do rating de Portugal”. A Bloomberg optou por destacar “A greve portuguesa que deixou aviões em terra e encerrou o metro”, referiu a taxa de desemprego e, claro, a posição da Fitch.

Nas agências noticiosas o destaque foi para a paralisação dos transportes. A Associated Press noticiou o cancelamento de dezenas de voos internacionais”, a francesa AFP descreveu um sector dos transportes “fortemente perturbado” e citou o secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, a sublinhar a “adesão muito forte” à greve.

Sugerir correcção
Comentar