Fitch: Banca portuguesa está “vulnerável” à crise da dívida

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O BCP é um dos bancos expostos à dívida pública, sobretudo grega Pedro Cunha

A agência de rating avisou hoje que a banca portuguesa está vulnerável aos desenvolvimentos da crise da dívida. A recapitalização poderá ser necessária para alguns bancos em 2012 e, no ano seguinte, o crédito malparado vai atingir o seu pico.

Num relatório sobre as perspectivas para os maiores bancos portugueses, a Fitch deixa vários alertas à banca nacional. Além de avisar que qualquer corte no rating da República irá inevitavelmente reflectir-se nas notas dos bancos, a agência considera que o sector bancário está “vulnerável” aos desenvolvimentos da crise da dívida soberana.

No curto prazo, as instituições financeiras nacionais são ainda afectadas de forma directa pelos dois anos de recessão que a economia vai enfrentar, pela falta de acesso aos mercados de financiamento e pela incerteza que tem rodeado a resolução da crise da dívida na zona euro.

De acordo com a Fitch, devido aos empréstimos, os bancos nacionais estão altamente expostos à economia portuguesa, que, segundo a agência, deverá contrair 2% este ano e outro tanto em 2012. Além disso, os bancos nacionais “estão crescentemente em risco devido à sua exposição à dívida soberana”, numa altura em que há cada vez mais perigo de contágio devido ao impasse na resolução da crise da dívida.

Sem acesso aos mercados de financiamento, os bancos nacionais deverão continuar a recorrer ao Banco Central Europeu (BCE), considera a Fitch, salientando que as instituições têm tomado medidas para desalavancar e atrair depósitos. Contudo, “serão necessários mais melhorias em alguns bancos”, adianta a agência de rating.

Do mesmo modo, no que toca às necessidades de capital, a Fitch acredita que, em 2012, alguns bancos poderão necessitar de recapitalização ou, em última instância, de recorrer ao fundo de 12 mil milhões de euros que faz parte do acordo de ajuda externa. Este ano, a agência de notação prevê que todos os bancos atinjam o rácio mínimo de 9% sem necessidade de apoio do Estado (em 2012, essa exigência subirá para os 10%).

A Fitch deixa ainda um alerta quanto ao crédito malparado, prevendo que o número de empréstimos de cobrança duvidosa continua a aumentar. A situação deverá agravar-se já na segunda metade deste ano, e vai manter-se até 2013, ano em que o malparado atingirá um novo pico. Dentro de uma “economia enfraquecida e altamente”, os sectores das pequenas e médias empresas da construção e do imobiliário serão os que mais vão contribuir para este aumento do crédito malparado.

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