Presidente da Euronext Lisboa diz que resgate financeiro vai ajudar a recuperar as perdas da bolsa

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Em 2010 o principal índice da bolsa portuguesa caiu 10,34 por cento Enric Vives-Rubio/PÚBLICO

A ajuda a Portugal pode levar o principal índice bolsista a recuperar das perdas de 2010, defende Luís Laginha de Sousa, presidente da NYSE Euronext Lisboa.

Em entrevista à Lusa, Luís Laginha de Sousa sublinhou que as estratégias das empresas são fundamentais para determinar o comportamento do índice e a aposta na internacionalização é uma alternativa aos constrangimentos do mercado interno.

“Após o acordo com a troika assistiu-se a um aumento quer da liquidez quer do PSI 20 e isso pode dever-se a ter desaparecido alguma incerteza associada ao país, que é positivamente avaliada pelos agentes económicos e pelos investidores”, disse, no âmbito do ‘Portuguese Day’, um evento que levará à Bolsa de Nova Iorque 14 das 20 empresas do PSI 20 na próxima segunda-feira.

O responsável reconheceu que, até ao pedido resgate de Portugal, o mercado português “não evoluiu em linha com o comportamento dos congéneres europeus”. No entanto, depois de em 2010 o principal índice da bolsa portuguesa ter caído 10,34 por cento, Laginha de Sousa acredita que este ano poderá apresentar alguma recuperação. Até 18 de Maio, o principal índice da bolsa portuguesa, o PSI 20, acumulou um crescimento de 1,10 por cento face ao valor de fecho de 31 de Dezembro de 2010.

As empresas, diz Luís Laginha de Sousa, têm de conseguir “contornar as dificuldades do mercado interno”, através da internacionalização ou da exportação.

Privatizações vão dinamizar mercado

As privatizações previstas também vão ajudar o mercado lisboeta a dar um sinal positivo. O presidente da Euronext afirma que a alienação das participações do Estado trará “dinamismo” ao mercado. A colocação de novas parcelas de empresas em bolsa, ou mesmo a admissão de novas cotadas, poderá beneficiar todos os intervenientes, defendeu.

A bolsa “tem a particularidade interessante do facto de a entrada de mais empresas não retirar espaço às que já lá estão. Aliás, isso cria mercado. Tenho a convicção de que se o programa de privatizações se concretizar, e se passar pela bolsa, isso será uma fonte de dinamismo no mercado e beneficiará as empresas que já estão cotadas”, afirmou.

De acordo com o memorando de entendimento entre o Governo e a troika) (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), o Estado terá de sair do capital da EDP e da REN até ao final do ano. Se houver condições também poderá privatizar a TAP até final de 2011.

Falta de vontade política na transacção de dívida em bolsa

Questionado sobre o projecto de transacção de dívida soberana portuguesa em bolsa, Luís Laguinha revelou que o tema “não tem evoluído” conforme gostaria.

“No que depende de nós existem as condições técnicas, mas dependerá sempre da vontade técnica e política da entidade que tem em Portugal a responsabilidade da emissão e gestão da dívida pública”, afirmou Laginha de Sousa, referindo-se ao Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público (IGCP), que está sob a tutela do Ministério das Finanças.

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