Políticos locais espanhóis criticam cobrança na Via do Infante

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Representantes dos partidos políticos espanhóis opõem-se às portagens na A22 Nuno Ferreira Santos/ Público

Numa conferência de imprensa conjunta realizada em Ayamonte (Espanha) com elementos da Comissão de Utentes da Via Infante (A22), António Miravent Martín (IU) e José Maria Mayo (PP) consideraram fundamental alertar a população espanhola para a necessidade de combater a introdução de portagens na Via Infante, frisando que os efeitos negativos da medida vão sentir-se dos dois lados da fronteira.

“Esta é uma ideia sem sentido e que vai ser prejudicial para os interesses económicos tanto do Algarve como de Huelva”, afirmou Miravent Martín, sublinhando o impacto negativo que a medida terá tanto nas trocas comerciais entre os dois lados da fronteira como na circulação de pessoas.

Por seu turno, José Maria Mayo considerou “inadmissível que, com o que se avançou na Europa em termos de mobilidade das pessoas e de mercadorias, se assista agora, com esta introdução de portagens, a um retrocesso de 20 anos”.

“Esta é uma via estratégica para o progresso económico e cultural e a decisão limita o futuro”, afirmou o responsável do PP de Ayamonte, frisando que, para o comércio de localidade fronteiriça, “é vital o intercâmbio com os portugueses e não se pode colocar barreiras”, acrescentando que este assunto “ultrapassa as questões partidárias locais”.

Da parte da Comissão de Utentes da Via do Infante estiveram presentes José Domingos e António Almeida, que alertaram para a necessidade de ambos os lados da fronteira se juntarem no combate à introdução de portagens na Via do Infante. “Se a medida pegar em Portugal, quem sabe se o Governo espanhol também não decide avançar com uma situação idêntica deste lado da fronteira”, advertiu, frisando que com “uma plataforma entre portugueses e espanhóis que também juntasse partidos, sindicatos e associações empresariais, seria mais fácil derrubar a medida”.

António Almeida disse que a política da Comissão de Utentes e da Plataforma contra as portagens na Via do Infante tem sido de “oposição total” à decisão do Governo, mas sublinhou que um espanhol que se deslocar a Portugal pela A22 “terá de comprar um dispositivo eletrónico de 27 euros e carregar o cartão com mais 50” na primeira área de serviço. “São logo 77 euros só para quem quiser ir almoçar a Portugal. Haverá um período de tempo em que pode gastar o resto dos 50 euros, mas tem que pagá-los mesmo que não saiba se vai voltar”, afirmou.

Questionado sobre a participação na marcha do Guadiana, protesto que a Comissão de Utentes da Via do Infante marcou para sábado, o representante do PP garantiu que fará tudo para ajudar a travar a medida.