Banca irlandesa necessita de injecções de mais de 10 mil milhões de euros

Foto

Depois do encontro europeu de sexta-feira passada, que abriu espaço para o reforço dos mecanismos de combate à crise da dívida soberana, e ao contrário do que se passava com a Grécia, Portugal e Espanha, os juros das obrigações do Tesouro irlandês eram os que menos aliviavam.

O ministro Michael Noonan diz que as necessidades de reforço de capitais dos bancos irlndeses têm por base as estimativas do Banco Central da Irlanda. E explicou que a verba de dez mil milhões de euros seria aplicada nos bancos após a realização dos novos testes de stress europeusagendados para o primeiro semestre do ano. Em 2010, vários bancos irlandeses chumbaram nos exames realizados pelo BCE destinados a testar a resistência do capital a cenários macro-económicos adversos.

O novo ministro das Finanças irlandês, do governo de Enda Kenny, vai ainda, segundo o que está a ser noticiado pela imprensa internacional, solicitar aos parceiros europeus mais tempo, do que aquele que foi definido no contexto da ajuda externa, para aliviar o endividamento financeiro e reduzir os riscos creditícios dos balanços dos bancos.

Ontem, de acordo coma Bloomberg, citando o “The Wall Street Journal”, Noonan (que assumiu funções recentemente) admitiu que o sector bancário irlandês é grande demais para a dimensão da economia local pelo que deverá ser reduzido.

Parte do crescimento irlandês da última década, classificado pelos economistas como o “milagre céltico”, foi conseguido à custa do sector imobiliário e do endividamento das familías. O PIB irlandês beneficiou ainda de uma política tributária favorável ao investimento estrangeiro e local. Em 2010, após a crise da banca, a economia irlandesa terá contraído 0,2 por cento.

A intervenção externa à Irlanda foi condicionada, entre outras coisas, à recapitalização, desalavancagem e reforço do enquadramento legal do sistema financeiro, cuja degradação atirou o défice público do país para 30 por cento do PIB. Na altura ficou definido que os bancos deveriam reforçar para 12 por cento os respectivos rácios de capital (tier 1). Metade da ajuda externa à Irlanda, que totalizou 67,5 mil milhões de euros, destinou-se a “salvar” o sector financeiro. A intervenção ocorreu no final de 2010.

No início de Fevereiro, Alan Dukes, que está à frente do Anglo Irish Bank, veio dizer que o saneamento dos balanços dos bancos dos activos tóxicos exigiria mais 40 por cento do que o valor inicialmente previsto, ou seja, 50 mil milhões de euros em vez de 33,5 mil milhões. Se Dukes tiver razão, então serão necessários mais 16,5 mil milhões de euros para aplicar no sector (e não os 10 mil milhões que estão a ser referidos).

Sugerir correcção
Comentar