Obras Públicas: Adiamento foi “altamente prejudicial”, diz bastonário dos Engenheiros

O bastonário da Ordem dos Engenheiros disse hoje que o adiamento de grandes obras públicas foi “altamente prejudicial” e criticou a anulação de concursos, como aconteceu no troço de alta velocidade Lisboa-Poceirão, afirmando que isso gera descrédito.

O adiamento de obras públicas, como as concessões rodoviárias e algumas linhas de alta velocidade, “foi altamente prejudicial”, porque as empresas fizeram investimentos para concorrer aos projectos, disse Carlos Matias Ramos, em entrevista à Lusa.

O bastonário da Ordem dos Engenheiros destacou o facto de o Governo ter lançado concursos que depois foram anulados, afirmando ser “a pior coisa que pode acontecer”.

Para Carlos Matias Ramos, a anulação de concursos, como aconteceu no caso da construção do troço de alta velocidade Lisboa-Poceirão, que inclui a Terceira Travessia do Tejo, “cria descrédito no meio, cria consumos e gastos nas empresas que gastam milhões de euros para concorrer”.

No caso da Terceira Travessia do Tejo, os “encargos dos concursos foram brutais para os diversos concorrentes”, afirmou, acrescentando que se os concorrentes “não forem ressarcidos do investimento [que fizeram], forçosamente cria-se um descrédito total em relação ao processo decisório neste país”.

O bastonário considera que a decisão do Governo de suspender ou adiar alguns projectos se justifica porque “o custo do dinheiro passou a ser muito superior”, o Executivo devia ter encontrado “mecanismos que permitissem que as empresas não fossem fortemente afectadas”.

Um das soluções - avançou - pode ser encontrar “mecanismos para que a obra se possa desenvolver em mais tempo, com menor encargos financeiros para o Estado”.

O Governo decidiu suspender, por dois anos, a construção das linhas de alta velocidade Lisboa-Porto e Porto-Vigo, bem como o lançamento das novas concessões rodoviárias Serra da Estrela, Vouga, Tejo Internacional e Ribatejo.

No que respeita ao novo aeroporto, o Executivo anunciou, em Maio, que tinha decidido “protelar” uma decisão sobre o modelo de privatização da ANA - Aeroportos e a construção da infra-estrutura, devido à “instabilidade financeira”.

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