Arrancaram as demolições na Fuseta, seguem-se as da ilha de Faro

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A ministra quer devolver aquela ilha-barreira ao estado natural Melanie Maps

O programa de demolições das casas de Verão na ria Formosa, em Faro, arrancou ontem na ilha da Fuseta, de forma pacífica.

A ministra do Ambiente, Dulce Pássaro, assistiu ao acto simbólico, uma vez que a maior parte das habitações já tinha desaparecido com os temporais deste Inverno. O que se trata agora é de concluir o trabalho que o mar começou e limpar os destroços - um serviço que vai custar 450 mil euros.

A preservação do ecossistema, no entender da governante, passa por devolver aquela ilha-barreira ao estado natural, isto depois de o mar ter deitado abaixo cerca de meia centena de habitações. Sobram agora cerca de 20.

"É em nome da defesa do interesse público que estas intervenções vão ter de ser feitas, mas as pessoas em clima de diálogo compreenderão que não há alternativa." A mensagem da ministra tinha como destinatário o próximo alvo da intervenção, a ilha de Faro - onde se prevê forte contestação às demolições, logo que o plano de pormenor esteja concluído. Os acontecimentos do último Inverno "evidenciam o risco ao qual estamos sujeitos", sublinhou Dulce Pássaro, aludindo aos perigos decorrentes da proximidade entre a costa e essas construções.

A ilha de Faro é a situação potencialmente mais conflituosa, caso avance o plano de derrube de casas que está definido no Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) e posteriormente também programa Polis. Isto porque os proprietários e inquilinos das casas em causa se opõem ao plano de demolições.

Há, nesta área, situações contraditórias: edifícios de três e quatro pisos, construídos com licença camarária em lotes de terreno desafectado ao Domínio Público Marítimo, que permanecerão intocáveis, enquanto algumas construções, precárias e sazonais, situadas na mesma zona de risco, estão condenadas à demolição, segundo o programa Polis. "Pode haver um ou outro caso de contestação, é natural que isso aconteça", admitiu a ministra, desvalorizando um eventual cenário de confronto porque "a lei tem de ser cumprida". Dulce Pássaro mostrou-se ontem cautelosa, recusando o recurso à força policial: "Estamos convencidos de que as forças policias não são a primeira via para se poder cumprir a lei - as pessoas entendem que estas intervenções são para melhoria da qualidade de vida e defesa na região." O Polis da ria Formosa prevê 20 milhões de euros para demolições. Questionada sobre a não construção do passeio ribeirinho de Faro - desde há muitos anos reivindicado -, a governante respondeu: "Tinha de se passar de imediato para as demolições porque os acontecimentos deste Inverno" impuseram essa prioridade.

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