Fantasporto abre pela primeira vez em português

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Samaritan Girl é um dos dois filmes a concurso do sul-coreano Kim Ki-duk DR

Manoel de Oliveira e a dupla Tiago Guedes/Frederico Serra, Bollywood e os irmãos Shaw, sul-coreanos e japoneses, curtas e longas-metragens, o cinema húngaro de agora e o cinema alemão dos anos 30, blockbusters e pequenos filmes de autor, um novo Theo Angelopoulos e dois novos Kim Ki-duk, o luxo e o lixo da actual produção de terror: há várias direcções possíveis nesta 26.ª edição do Fantasporto - Festival Internacional de Cinema do Porto, mas também há uma direcção mais óbvia, pelo menos hoje que é dia de abertura.

Num ano em que há mais filmes em todas as competições do Fantas - Secção Oficial Cinema Fantástico, Semana dos Realizadores e Orient Express -, o arranque faz-se com três filmes do género que deu nome ao festival: Coisa Ruim, de Tiago Guedes e Frederico Serra, a primeira longa portuguesa a abrir o festival (ver caixa), The Echo - Sigaw, do filipino Yam Laranas, e La Monja, de Luis de la Madrid. No primeiro e no último caso, a organização parece disposta a queimar os melhores cartuchos logo na noite de estreia: Coisa Ruim já vem com o embalo de next big thing do cinema português e La Monja é um argumento de Jaume Balagueró (realizador que, de resto, encerra o festival com o novo Fragile, já extra-concurso), um autor de culto no festival.

Apesar da prevalência do cinema fantástico na abertura, a 26.ª edição do Fantas regista um empate técnico entre o número de filmes a concurso na secção competitiva principal e o número de longas seleccionadas para a Semana dos Realizadores. Destaques pós-abertura, num e noutro campeonato: a reaparição de Hannah Schygulla em A Quiet Love, de Till Franzen, o gore de Dead Meat (é o primeiro filme de zombies irlandês) e o luso-francês Animal, com Diogo Infante, tudo isto a concurso no território do cinema fantástico; o regresso de Anders Thomas Jensen, realizador premiado em 2004 por The Green Butchers, o dream team de Edison (Kevin Spacey, Morgan Freeman e Justin Timberlake) e o díptico documental sobre as políticas dos cineastas de Carlos Benpar, na zona do festival reservada aos novos realizadores.

Secundária, a secção Orient Express volta ainda assim a exibir alguns dos maiores trunfos do Fantasporto: é lá que podem encontrar-se, este ano, dois novos filmes de uma cinematografia invulgaríssima, a do sul-coreano Kim Ki-duk, que concorre com The Bow e Samaritan Girl, a versão longa de Dumplings, de Fruit Chan (versão revista e aumentada da curta que o cineasta incluiu no tríptico Three Extremes, que o festival também vai mostrar), e One Missed Call 2, a sequela da saga iniciada por Takashi Miike.

Paralelamente, o Fantas instala-se em duas novas salas: o Passos Manuel, sede oficial da nova secção temática Love Connection, e o auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett, onde o festival faz ligação directa entre o Porto e Bombaim para mostrar 12 exemplos da mega-indústria de Bollywood.

Uma expansão logística que acompanha a expansão temática do festival, mais volumoso este ano do que em anos anteriores. Até 5 de Março, e à margem das secções competitivas, passam ainda pelo festival duas panorâmicas - uma dedicada ao cinema expressionista alemão e outra dedicada ao cinema húngaro -, os episódios da série Masters of Horror, a retrospectiva Bill Plympton e cinco programas de curtas portuguesas.

Esta será, de resto, a edição mais lusófona do festival: por causa da sessão de abertura, por causa de Diogo Infante e por causa das 41 curtas, mas também por causa de Manoel de Oliveira. O último filme do patrono da Semana dos Realizadores, O Espelho Mágico, tem antestreia nacional na próxima quinta-feira, em pleno horário nobre do festival.

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