A segunda maior tempestade solar alguma vez registada foi observada esta semana pela sonda Soho e uma imensa bolha de gás cheia de partículas electricamente carregadas começou ontem a chegar à Terra, embatendo contra as camadas superiores da atmosfera.

Prevê-se que este fenómeno possa causar tempestades geomagnéticas, que afectem mais o Alasca e o Extremo Oriente do que a Europa. "Chegou às seis da manhã [de ontem] e estava a avançar muito mais rapidamente do que se esperava", disse Mike Hapgood, do Laboratório Apleton, em Inglaterra, citado pela Reuters. As partículas com carga eléctrica ejectadas do Sol viajavam a 7,5 milhões de quilómetros por hora, quando normalmente atingem apenas os 1,5 milhões de quilómetros por hora, diz um comunicado da Agência Espacial Europeia (ESA).

A tempestade solar mais forte detectada até hoje ocorreu em Abril de 2001, mas dessa vez a nuvem de gás carregada de electricidade afastou-se da Terra. A explosão agora detectada dirigiu-se ao nosso planeta e emitiu radiações de raios X muito fortes, o que provoca quase sempre a ionização, ou sobrecarga, das camadas superiores da atmosfera terrestre em apenas um dia.

Mas as partículas emitidas pelo Sol pareciam ter uma componente magnética que foi atraída para Norte, o que fazia pensar que não tivesse efeitos muito graves. "Sabemos que, se se dirigissem para Sul, interagiriam mais violentamente com a magnetosfera terrestre", comentou Paal Brekke, um cientista ligado ao SOHO (que é operado pela NASA e pela ESA), citado pela edição online da revista "New Scientist."

Este fenómeno pode provocar sérias interrupções nas transmissões rádio: as partículas de altas energias que se libertam a seguir à tempestade - a que chamam tempestade de protões - representam um perigo para os satélites, pois podem interferir com os seus aparelhos electrónicos e danificar alguns componentes mais expostos. As centrais eléctricas e as redes de retransmissão do sinal dos telemóveis podem também ser afectadas.